CRÍTICA | Vidas ao Vento

Direção: Hayo Miyazaki
Roteiro: Hayao Miyazaki
Elenco: Hideaki Anno, Hidetoshi Nishijima, Miori Takimoto, entre outros
Origem: Japão
Ano: 2013


Vidas ao Vento (Kaze tachinu) é um filme animado do celebrado Studio Ghibli lançado em 2013. Nele o mestre das animações japonesas Hayao Miyazaki (Ponyo: Uma Amizade Que Veio do Mar) faz uma espécie de biografia de Jiro Horikoshi, um renomado engenheiro aeronáutico japonês responsável por projetar os aviões do Japão durante a Segunda Guerra Mundial. 

“O vento se ergue, é preciso tentar viver.”

A frase acima dá a tônica de toda a obra. O protagonista, Jiro (Hideaki Anno) fascinado por aviões, mas que não pode se tornar piloto por conta de problemas na visão, encontra em seus sonhos - literalmente - uma maneira de se realizar em meio aos ares, projetando aeronaves.

Foto: Studio Ghibli

Do ponto de vista técnico, Vidas ao Vento tem um apelo visual incrível, digno das demais obras da produtora. Sua arte é repleta de camadas, cores e textura. Suas paisagens são tão densas e verossímeis que quase dá para senti-las em tela, assim como quando a chuva cai e cada gota que se desfaz no chão possibilita sentir o seu peso.

Juntamente vem a precisa trilha sonora de Joe Hisaishi (O Castelo Animado), complementando as narrativas da trama de maneira genial. Há uma cena em específico, em que música dita todo o ritmo do acontecimento. A dinâmica e a montagem tornam a relação entre Jiro e Naoko (Miori Takimoto) extremamente real para, enfim, o espectador crer no amor entre eles. 

Por trás de um filme sobre amor - e quando digo amor me refiro ao sentindo mais amplo da palavra - temos como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial, que é explorada de forma inteligente, sem tomar o foco da narrativa.

Quem está acostumado com as obras anteriores do cineasta, como Princesa Mononoke (1997) ou A Viagem de Chihiro (2001), pode até estranhar a forma como a história se constrói e se desenvolve vagarosamente, mas a proposta aqui é evidente. A intenção é transportar o espectador para aquela época, fazendo-o apreciar cada detalhe. E mesmo que estejamos falando de uma produção focada na realidade, ainda existem pequenas pitadas fantasiosas na projeção, algo muito presente nas obras mais famosas do autor. 

Foto: Studio Ghibli

Vidas ao Vento é poesia do começo ao fim. Um filme com elementos de sonho que nos fazem embarcar nessa viagem sobre um personagem importante da história japonesa, nos falando muito sobre a vida, a tragédia inerente a ela e o otimismo em vive-la. Afinal de contas, “o vento se ergue, é preciso tentar viver”.

Excelente

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