CRÍTICA | Ponte dos Espiões

Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Matt Charman, Ethan Coen e Joel Coen
Elenco: Tom Hanks, Mark Rylance, Alan Alda, Amy Ryan, entre outros
Origem: EUA / Alemanha / Índia
Ano: 2015


Ponte dos Espiões (Bridge of Spies) trata questões relacionadas à Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, algo que deu-se início no fim da década de 1940 e se estendeu até o começo da década de 1990 com a dissolução da União Soviética. Em 2015, data de lançamento do filme, o tema já havia sido abordado diversas vezes por vários cineastas, mas é curioso como a obra parece voltar a fazer sentido hoje, com as disputas políticas entre a Rússia e os EUA. 

Steven Spielberg (Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal) sempre demonstrou habilidade em retratar fatos históricos no cinema, em especial o período da Segunda Guerra Mundial, como em A Lista de Schindler (1993) ou O Resgate do Soldado Ryan (1998), por exemplo. Aqui ele retorna ao tema, mas não busca o conflito em si, mas sim o "clima" propagado pela disputa entre os países e os eventos que se desenrolaram na ocasião.

Na trama acompanhamos a história real de James Donovan (Tom Hanks), um famoso advogado que é contratado pela CIA para negociar com os soviéticos que estão em posse de um piloto norte-americano, Francis Powers (Austin Stowell). A intenção é devolver-lhes Rudolf Abel (Mark Rylance) em troca, que está preso nos Estados Unidos. 

Foto: DreamWorks

Spielberg é competente em dar vida ao roteiro de Matt Charman (Suite Francesa) e dos irmãos Coen (A Balada de Buster Scruggs), empregando uma direção sóbria e equilibrada. Por outro lado, a narrativa se torna vagarosa demais em alguns momentos,  sem trazer nada de novo ao espectador. Afinal, como já mencionei, trata-se de um período muito retratado, não nesse exato contexto, é bem verdade, mas em dinâmica e ambientação.

Apesar do olhar antiquado da produção, uma cena me marcou: quando garotos pulam a cerca que os separam, fazendo uma clara alusão ao muro de Berlim e a esperança que viria com tal queda. 

Se o ritmo e a proposta não empolgam tanto, o mesmo não podemos dizer das atuações. Trata-se de um grande elenco afinal, encabeçado por Tom Hanks (Prenda-me Se For Capaz) e Mark Rylance (Dunkirk), que demonstram grande química em tela. O segundo, inclusive, viria a ganhar o Oscar de melhor ator coadjuvante no ano seguinte, embora a interpretação de Sylvester Stallone (Rocky: Um Lutador) em Creed: Nascido Para Lutar (2015) fosse a minha preferida da vez.

No fim, Ponte dos Espiões se mostra um filme competente, com bons personagens, mas que parece deslocado no tempo, sem nada de muito relevante a acrescentar à discussão sobre a Guerra Fria, ou nada que já não tenha sido discutido antes. Ainda assim, um filme de Spielberg no piloto automático ainda é um filme de Spielberg. Portanto vale ser conferido.

Foto: DreamWorks


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