CRÍTICA | A Malandrinha

Direção: John Hughes
Roteiro: John Hughes
Elenco: Jim Belushi, Kelly Lynch, Alisan Porter, entre outros
Origem: EUA
Ano: 1991


Quem não gosta de filmes “Sessão da Tarde”, não é mesmo? Dentro dessa espécie de subgênero criado em terras brasileiras, John Hughes (Quem Vê Cara Não Vê Coração) é rei, já que em sua curta filmografia cravou clássicos da infância de gerações como Clube dos Cinco (1985), Curtindo a Vida Adoidado (1986), ou Esqueceram de Mim (1990). Alguns apenas como roteirista, mas na maioria deles também na função de diretor e produtor. E em meio à sua lista de grandes obras enquanto cineasta, temos uma pouco mencionada, a última antes de largar a função.

A Malandrinha (Curly Sue) conta a história da pequena Curly Sue (Alisan Porter) e do seu parceiro Bill Dancer (Jim Belushi), uma dupla de trapaceiros que sobrevivem de pequenos golpes. As coisas tomam um rumo diferente quando eles tentam passar a perna na advogada linha dura Grey Ellison (Kelly Lynch). E o encontro de realidades tão distintas promete mudar a vida de todos os envolvidos.

Exceto por Stranger Things, Super 8 (2011) e Matilda (1996), não sou a maior fã de filmes e séries  protagonizados por crianças. Apesar de carismáticas, são obras que me cansam pela fórmula batida, com os mesmos perfis de personagens, com desfechos sempre similares. E aqui não foi muito diferente, já que em A Malandrinha vemos novamente a trama de uma menina espertinha e espoleta com clichês dos anos 1980/90, como o adulto sabichão e metido a engraçado, ou a personagem feminina que muda de uma personalidade durona para maternal. Nada de novo sob o sol.

Foto: Warner Bros Pictures

Além do roteiro pouco inovador de Hughes, a trama também peca em aspectos ultrapassados e misóginos. Tudo bem, temos de levar em conta que trata-se de um filme lançado em 1991, mas ainda assim é difícil relevar os clichês e a concepção de que mulheres só são felizes com homens à tira colo e filhos, ou no pressuposto de que não somos capazes de conciliar uma vida profissional bem-sucedida com a vida pessoal.

Contudo, o longa não é de todo mal e acerta pontos importantes, como quando aborda a questão das diferenças de classes e como as pessoas são tratadas e vistas de maneira completamente diferentes de acordo com a sua posição social, especialmente no que diz respeito a paternidade. Tudo estabelecido de forma simplista pelo roteiro? Sim, sem dúvida, mas ainda assim são pontos pertinentes e que merecem destaque.

De modo geral, A Malandrinha tem poucos acertos e, talvez por isso, seja tão pouco mencionado no hall da fama de obras dos longas de John Hughes. Entretanto, acaba crescendo no decorrer da trama e consegue entregar um final satisfatório e carismático, mesmo sem uma premissa marcante ou um elenco que ganhe a simpatia do espectador. No fim das constas, acaba sendo um filme esquecível.

Foto: Warner Bros Pictures


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