CRÍTICA | Mulher Nota 1000

Direção: John Hughes
Roteiro: John Hughes
Elenco: Anthony Michael Hall, Ilan Mitchell-Smith, Kelly LeBrock, Bill Paxton, Robert Downey Jr., entre outros
Origem: EUA
Ano: 1985


A adolescência é uma fase difícil para as pessoas, pois colecionamos histórias boas e lembranças traumatizantes. Em Mulher Nota 1000 (Weird Science) não é diferente, já que vemos dois adolescentes à procura de garotas que façam companhia a eles, que sejam bonitas e façam ginástica, assim como as alunas da escola em que estudam. Gary Wallace (Anthony Michael Hall) e Wyatt Donelly (Illan Mitchel-Smith) são melhores amigos de Ensino Médio, ambos estabelecidos como o estereótipo típico do nerd, que tem medo de conversar com as garotas e sonham em ser populares na escola.

Durante uma madrugada, enquanto estão sozinhos em casa, eles resolvem criar uma mulher perfeita, seguindo o passo a passo daquilo que estão assistindo em um filme, e o resultado vai além do que esperavam. Lisa (Kelly LeBrock) é a “Frankestein” do enredo, com o adicional que tem poderes a seu favor, como criar objetos e situações inimagináveis.

Como uma típica comédia dos anos 1980, o longa busca a diversão a todo momento, mesmo nas cenas supostamente mais sérias, não conseguimos imaginar qualquer resultado da escolha das personagens que não seja uma confusão. E, nesse ponto, os efeitos especiais são condizentes com a época do lançamento (1985), onde havia a espetacularização do que os computadores seriam capazes de realizar com simples combinações de teclas.

Foto: Universal Pictures

Apesar da diversão, é impossível ignorar alguns aspectos machistas do roteiro de John Hughes (Clube dos Cinco), que incomodam qualquer espectador sensato hoje em dia. Um exemplo é o modo como os garotos idealizam sua "mulher nota 1000". Além de Lisa suprir os desejos sexuais e juvenis dos protagonistas - como andar com roupas extremamente marcadas e sexys -, eles também pedem que ela dê um jeito na vida deles. Leia-se: arrumando o quarto ou qualquer bagunça que eles deixem para trás.

Esses momentos em nada acrescentam a trama, estão ali apenas para fazer o espectador rir, num estilo de humor típico daquela década e que hoje em dia não funciona tão bem. Saber que o filme é o retrato de seu tempo, porém, é importante para que se aprecie o resultado final, ou não.

A trilha sonora, composta principalmente pela canção "Weird Science" (homônima ao título original do longa) da banda Oingo Boingo - um grupo de rock californiano, clássico dos anos 80 - é eletrizante e fica na cabeça a partir do momento em que ela surge com os créditos subindo na tela.

Em Mulher Nota 1000, John Hughes fala sobre o brilhantismo da adolescência, sobre os períodos de rejeição que passamos e como funciona o sistema de popularidade na escola. E como todo bom filme oitentista, sempre temos uma lição de moral ao final, a de que precisamos nos aceitar como somos e como devemos ser honestos com as pessoas em nossa volta, para que elas não se apaixonem apenas pelo que somos por fora.

Foto: Universal Pictures


Bom

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