CRÍTICA | Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio

Direção: Sam Raimi
Roteiro: Sam Raimi
Elenco: Bruce Campbell, Ellen Sandweiss, Richard DeManincor, entre outros
Origem: EUA
Ano: 1981


É difícil avaliar uma obra clássica sem levar em consideração seu impacto cultural. Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio (The Evil Dead) não apenas botou o personagem Ash - vivido pelo carismático Bruce Campbell (Fuga de Los Angeles) - numa prateleira de destaque, como também consolidou o gênero “terror de cabana”, sendo pedra fundamental na carreira do diretor Sam Raimi (Homem-Aranha).

O sucesso do longa-metragem de 1981 influenciaria toda uma geração, abrindo portas para uma franquia de filmes, jogos e uma série de TV.

Isto posto, é difícil assistir à obra hoje e ter uma avaliação isenta de sua influência em décadas passadas. Ao longo desses quase 40 anos, não só o cinema como o próprio diretor evoluiu seu estilo, algo que fica claro ao assistirmos o ótimo Arraste-me Para o Inferno (2009), em que é possível enxergar esse amadurecimento do “terror trash” que ele próprio ajudou a popularizar.

O que estou querendo dizer é: o primeiro The Evil Dead é mais importante dentro de seu contexto do que propriamente um ótimo filme de forma isolada.

Renaissance Pictures

Prova disso é perceber o quanto Ash evoluiu nas produções seguintes. Aqui vemos um protagonista engessado, fora do tom e forçando caretas em inúmeros momentos. A sensação é de que muitas das escolhas de atuação e, propriamente de roteiro, foram sendo experimentadas em tela. E isso fica claro para quem assiste, também pela reação dos atores em cena.

Ao se aproximar do seu desfecho, fica a impressão que o filme havia encontra seu caminho: o equilíbrio entre o gore e o satírico. Tal combinação viria se consolidada no sucesso de sua sequência, Uma Noite Alucinante 2 (1987).

Mas, trazendo nosso bonde de volta ao trilho, ou melhor, nosso carro de volta à estrada, The Evil Dead narra a história de cinco jovens que decidem aproveitar suas férias em uma cabana isolada em uma remota floresta. Lá, encontram o livro dos mortos que, após lido por um dos garotos, desperta uma série de demônios. Ao longo da noite, cada um dos amigos começa a ser possuído por essas entidades.

Deve-se destacar que, se a premissa acima soa batida ou previsível nos dias atuais, é mérito do diretor norte-americano, que deu o pontapé inicial nos anos 1980. Não só isso. Foram muitas as dificuldades.

Raimi e Campbell correram pessoalmente atrás de contribuições para rodar a produção e assim tudo foi feito, com um orçamento modesto de cerca US$ 350 mil dólares. Grande parte do elenco é composto por amigos e familiares da dupla, já que poucos aceitavam participar da empreitada. Isso sem contar na saga para conseguir locações, nos acidentes envolvendo parte dos atores e nos longos e dolorosos processos de maquiagem. Apenas pinceladas da lista gigante de problemas envolvendo o longa.

Renaissance Pictures

Graças a persistência de Raimi, o cinema ganharia um dos grandes marcos no gênero de terror. Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio pode até não ter envelhecido tão bem ao longo desses anos, no entanto, é inegável que o carisma e personalidade da produção permanecem intactos e, principalmente, relevantes até os dias atuais, especialmente em meio a tantos remakes insossos.

Bom 

   

Eduardo é jornalista e faltou mais motosserra.

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