CRÍTICA | Memórias de um Assassino

Direção: Bong Joon Ho
Roteiro: Bong Joon Ho e Sung-bo Shim
Elenco: Kang-ho Song, Sang-kyung Kim, Roe-ha Kim, entre outros
Origem: Coréia do Sul
Ano: 2003


Memórias de um Assassino (Salinui chueok) possui uma avaliação acima da média, sendo um dos filmes mais populares do cineasta sul-coreano Bong Jong Ho (Cão Que Ladra Não Morde), que ganhou notoriedade junto ao grande público após vencer - entre outras categorias - o Oscar de melhor filme com Parasita (2019)

Com uma premissa misteriosa, o segundo longa-metragem do diretor - que é baseado em fatos - aparenta ser mais uma trama de um crime cometido em uma cidade do interior que precisa ser desvendado. Porém, ao avançarmos na história, descobrimos que não estamos na zona de conforto proposta por boa parte das obras do cinema norte-americano, ao qual estamos habituados.

Em uma cidade do interior, durante o período de ditadura militar na Coréia do Sul, o detetive Park Doo-Man (Song Kang-ho), conhecido por desvendar os problemas da cidade, é chamado para analisar o assassinato de uma moça, cujo corpo foi encontrado próximo à uma plantação de arroz, em um encanamento de esgoto. 

Apesar do modo incomum de abordar os suspeitos do crime, o protagonista conta para um de seus colegas de investigação que seu apelido é “Olho de Xamã”, pois consegue enxergar através dos olhos das pessoas quem é o verdadeiro culpado. E com o desenvolver da trama notamos que ele já utilizou de algum misticismo, ameaças e achismos para solucionar crimes anteriores.

Foto: CJ Entertainment

Com a falta de provas e a equipe local sem chegar à conclusão do crime, o detetive Seo Tae-Yoon (Kim Sang-Kyung) chega da capital para ser recebido por Park de maneira inusitada e repleta de mal-entendidos. Seo possui métodos que parecem mais eficazes, conseguindo encontrar algumas pistas e, o mais importante, identificando o padrão seguido pelo serial killer.

O filme tem uma morbidez natural em sua temática, algo que é explicitado em tela com algumas cenas que podem revirar o estômago de espectadores mais sensíveis, como quando vemos o corpo de uma da vítima debaixo da luz branca do necrotério, sendo examinada para o resultado da autópsia. É possível visualizar os hematomas, a pele pálida e o sangue, para, em seguida, a montagem nos levar a outra cena, com os mesmos personagens jantando em um restaurante, em um plano fechado de uma carne crua e vermelha, pronta para ser preparada.

Memórias de um Assassino também carrega o humor negro característico do diretor, e acabamos rindo de certas situações que, analisando melhor, não deveríamos. Como, por exemplo, no modo como os detetives partem para a briga, carregando o estereótipo que esperamos de filmes de artes marciais, ou seja, "chegando na voadora" literalmente.

Trata-se de um longa-metragem que exige fôlego e reflexão, especialmente por trazer um desfecho interpretativo. O tempo passa rápido ao assisti-lo, pois ficamos presos juntando as peças daquele quebra-cabeças em nossas mentes, na esperança de encontrar o assassino. Algo que talvez seja saciado com uma pesquisa no Google sobre o caso real que inspirou o roteiro. Mas alerto que é bom fazê-lo só após assistir a obra.

Foto: CJ Entertainment


Ótimo

Comentários