CRÍTICA | Femme Fatale

Direção: Brian De Palma
Roteiro: Brian De Palma
Elenco: Rebecca Romijn, Antonio Banderas, Peter Coyote, entre outros
Origem: França / Suíça
Ano: 2002

Poucos diretores possuem uma assinatura tão evidente em tela quanto Brian De Palma (Olhos de Serpente), cineasta que é fã confesso de Alfred Hitchcock (Psicose) e, talvez, o que mais se aproxima do estilo visual do mestre do suspense.

Esse apuro técnico fica evidente logo nos primeiros segundos de Femme Fatale (2002), quando o espectador é apresentado a um noir em preto e branco, que logo mostra-se um filme passando em um televisor, que em um longo zoom out revela a protagonista vivida por Rebecca Romijn (X-Men). A cena ali assistida na TV é uma dica do diretor e roteirista do que podemos esperar das quase duas horas de projeção que se seguirão.

A trama é simples. Uma mulher misteriosa (Romijn) participa de um mirabolante roubo de joias e muda de identidade para escapar ilesa. No entanto, ao ser fotografada por um paparazzi, Nicolas (Antonio Banderas), corre sério risco de ser descoberta.

A simplicidade da premissa não é um problema, visto que é uma característica dos filmes noir. O lado negativo de Femme Fatale acaba sendo a falta de profundidade de seus protagonistas, que nunca se revelam por completo.

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O que poderia soar como um elemento para intensificar o mistério em torno dos personagens, acaba gerando falta de identificação com os mesmos, algo grave para todo roteiro cinematográfico. Se o público não se identifica ou não compra a jornada daqueles que estão em tela, dificilmente se importará com o resultado de toda a tensão montada. E os diálogos rasos escritos por De Palma contribuem para essa falta de empatia para com a obra.

Por outro lado, é justamente na criação da tensão, uma de suas especialidades, que o cineasta se destaca, principalmente na sequência ambientada no Festival de Cannes, quando o roubo das joias acontece. A forma como De Palma apresenta as múltiplas ações que ocorrem paralelamente, montando um quebra-cabeças na mente do espectador é sublime. O suspense crescente, aliado a trilha sonora de Ryuichi Sakamoto (O Regresso), lembra muito Missão: Impossível (1996), outra produção de destaque de sua filmografia.

No que diz respeito às atuações, o talento de Antonio Banderas (Dor e Glória) é desperdiçado com um personagem que pouco tem a entregar. Rebecca Romijn, por outro lado, parece ter sido escalada por sua beleza física, outra característica dos filmes noir. Sua protagonista tem poucas falas e usa dos atributos físicos para seduzir aqueles que a cercam, como o próprio título do filme sugere.

Assim é Femme Fatale, uma produção com ótimos momentos de um dos grandes diretores de sua geração, mas que carece de um roteiro melhor estruturado e que entregue mais do que o básico ao público. Houvesse maior cuidado com o texto, poderia estar entre os melhores de sua filmografia, o que infelizmente não acontece.

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