CRÍTICA | Repo! The Genetic Opera

Diretor: Darren Lynn Bousman
Roteiro: Darren Smith e Terrance Zdunich
Elenco: Alexa PenaVega, Paul Sorvino, Anthony Head, Paris Hilton, Terrance Zdunich, entre outros.
Origem: República Checa
Ano: 2008


Acredito que nunca vou esquecer a primeira vez que dei play nesse filme. Fui atrás dele por pura curiosidade depois de uma indicação de uma prima. Não precisou de muito para que eu quisesse assisti-lo, na verdade só dois fatos: é um musical e tem Anthony Stewart Head no elenco. Para quem não o conhece, Stewart Head é um ator e cantor britânico que interpretou o Sentinela em Buffy the Vampire Slayer. Na época eu tinha acabado de começar a assistir a série e estava apaixonada pelo ator e personagem. Me pergunto como não se apaixonar pelo sotaque e a voz deliciosa que ele tem.

E esse é o ponto principal desse musical. Não só ele, mas todo o elenco tem um talento gigante. Com exceção, talvez, de Paris Hilton (A Casa de Cera) que tem a voz mais "comum" perto de todos os outros colegas. 

Repo! The Genetic Opera é uma distopia que se passa num futuro não tão distante  mais precisamente em 2056 — em que há uma epidemia de falência de órgãos. Quando tudo parece perdido em meio ao caos de milhões de pessoas morrendo, eis que surge um salvador: GeneCo, uma empresa que vende órgãos geneticamente modificados e oferece financiamento, o que os tornam acessíveis a todos. Ela que não é boba nem nada, prega que essas cirurgias são essenciais na estética humana - "O interior é o que importa" -, também comercializando o Zydrate, um analgésico caro e viciante.

O que torna essa sociedade extremamente aterrorizante é que o fundador da GeneCo, Rotti Largo, consegue que as recuperações de órgãos seja legalizada. Ou seja, se você atrasa o pagamento dos seus órgãos, a família Largo enviam o Repo Man para pegar esse órgão de você. Maravilha, né?

Apesar de ter uma premissa e um visual sombrio e tenebroso, o filme não é realmente um terror propriamente dito. Ele é sangrento, não tem dó de mostrar ao público o Repo Man arrancando intestinos ou uma coluna vertebral da pessoa ainda viva. Então se você não gosta de obras mais explícitas, te recomendo fugir daqui. Mas se você não liga e, por acaso, não gosta de musicais, não fuja! Apesar haver muitas falas, aqui eles falam cantando mesmo, na maior parte do tempo, porém a obra não irá te cansar. Ainda mais se você curtir rock. 

A trama é envolvente e bem direta, inclusive há momentos em que o filme interrompe sua narrativa e volta no tempo para contar o passado de determinado personagem, para que você entenda ou comece a entender o porquê dele agir daquela forma. Sem falar de todo o contexto antes do longa realmente começar. Tudo isso em forma de quadrinhos, bem criativo.


O foco principal da trama é Shilo (Alexa PenaVega), uma adolescente que vive presa em seu quarto pelo pai, pois, segundo ele, ela possui uma doença sanguínea. Sendo uma boa adolescente, ela não está nem aí para as regras e vive saindo do seu quarto para visitar o túmulo de sua mãe, que morreu no parto dela. Sem querer, acaba entrando no mundo exterior e conhece o fundador da GeneCo e Graverobber (Terrance Zdunich), um comerciante ilegal de Zydrate que retira seu produto dos mortos. Graverobber, além de personagem, tem função de narrador em algumas partes e acaba dando informações sobre esse mundo desconhecido para Shilo.

O mais interessante em Repo! The Genetic Opera é que apesar de ter como pano de fundo uma sociedade cruel, a obra não foca nos problemas dela e nem dá uma dica ou esperança de que isso vá mudar. Mas apesar de ser apenas o contexto em que as personagens vivem, é possível enxergar uma grande crítica a questões como cirurgias supérfluas, a tirania e abuso do poder, a maldade humana, vício em drogas e, a que mais choca ao término do filme: a falta de empatia e o prazer que nós humanos temos com a desgraça alheia.

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