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Postado por
Lívia Campos de Menezes
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Talvez eu esteja enganada, mas acredito que a última vez que tivemos uma série de sucesso focada nos desafios e – principalmente – prazeres da vida madura foi lá nos anos 80, quando 4 maravilhosas atrizes (dentre elas meu xodó, Betty White) protagonizaram The Golden Girls, não-convencionais senhoras que dividiam uma casa em Miami e partilhavam alegrias e percalços da vida madura.
Já era hora, portanto, de uma nova série com protagonistas acima de 60 e 70 anos emplacar novamente. Na contramão de uma indústria que oferece pouquíssimos bons papéis para atores maduros (principalmente mulheres), a Netflix apostou, em 2015, no talento dos criadores Marta Kauffman (Friends) e Howard J. Morris (Home Improvement) para produzir a hilariante e emocionante Grace and Frankie.
O argumento não apresenta uma fórmula nova – duas mulheres (Grace – Jane Fonda e Frankie – Lily Tomlin) são abandonadas pelos maridos (respectivamente, Robert – Martin Sheen e Sol – Sam Waterson) após anos de casamento. O que surpreende é que, neste caso, os maridos são sócios e as abandonam no mesmo dia – ao mesmo tempo, em um jantar supostamente casual – porque são gays e resolveram assumir o romance que vivem, secretamente, há 20 anos.
Martin Sheen, Jane Fonda, Lily Tomlin e Sam Waterson |
Completamente desestruturadas, as duas acabam tendo a mesma ideia: resolvem se mudar para a casa de praia que têm em sociedade. O problema é que, muito embora elas não sejam inimigas, estão muito, mas muito longe mesmo, de serem amigas. Enquanto Grace é uma empresária de sucesso aposentada (ela passou recentemente o bastão da empresa de cosméticos que criou para uma das filhas), Frankie é uma artista plástica hippie. Logo, a convivência não é das mais fáceis.
Mais do que uma comédia, Grace and Frankie é uma lição de vida. A série mostra, com delicadeza, os desafios de pessoas maduras que precisam adaptar suas vidas a novas realidades – sejam elas quais forem. Além disso, reforça que amizades podem nascer de maneiras impensáveis e que nunca é tarde para recomeçar.
Porém, a série apresenta também que recomeçar em idade avançada é tarefa árdua. Apesar de ser notório que hoje vive-se mais e melhor, a realidade é que a sociedade ainda tem considerável preconceito em relação aos mais velhos. Na terceira e mais recente temporada, por exemplo, Grace e Frankie vão a um banco pedir um empréstimo. Embora o gerente do banco reconheça o potencial de sucesso do negócio que elas criaram, o empréstimo é negado. A razão não poderia ser outra: elas são velhas, podem morrer a qualquer momento e o banco não pode arcar com o possível prejuízo.
Felizmente a Netflix não parece estar nem um pouco preocupada com a idade das protagonistas. Pelo contrário, no início deste ano a companhia de streaming renovou a série para a quarta temporada, cuja estréia deve acontecer em março/abril de 2018. Se você ainda não conhece essa estória maravilhosa, recomendo dar uma olhada. Deixo aqui o trailer da primeira temporada. Divirta-se!
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Lívia Campos de Menezes é apaixonada por filmes, séries e boa música (leia-se rock'n'roll). Adora ler e viajar. Desde 2015 mora nos Estados Unidos, onde faz MFA em Cinema na UNC School of the Arts.
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