CRÍTICA | Para Todos Os Garotos Que Já Amei

Direção: Susan Johnson
Roteiro: Sofia Alvarez
Elenco: Lana Condor, Noah Centineo, Janel Parrish, Anna Cathcart, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2018


Depois do recente sucesso de A Barraca do Beijo, a Netflix lança mais uma adaptação de um livro que é best-seller do The New York Times. Para Todos os Garotos Que Já Amei (To All the Boys I've  Loved Before) chegou à plataforma digital após muita espera dos fãs da escritora Jenny Han, autora da obra original, que estavam ansiosos ao ponto de causarem grande alvoroço na última Bienal do Livro de São Paulo. A publicação acabou sendo uma das mais procuradas e vendidas ao longo do evento que durou pouco mais de uma semana.

O longa conta a história da adolescente Lara Jean (Lana Condor). De origem coreana, a jovem de 16 anos possui uma peculiaridade: escreve cartas para todos os garotos que já amou em sua vida. Cinco ao todo. Quando deseja não estar mais apaixonada, ela deposita todos os seus sentimentos em uma folha de papel, mas não envia nenhuma das cartas, que ficam guardadas secretamente. Porém, um dia elas são misteriosamente entregues aos destinatários e a protagonista precisa encontrar uma maneira de lidar com a situação caótica, já que um desses garotos é Josh (Israel Broussard), namorado de sua irmã mais velha, Margot (Janel Parrish). Enfim sua vida amorosa sai do papel para se tornar algo real.

A diretora Susan Johnson (Carrie Pilby) é competente em capturar o que há de melhor na obra original e ainda acrescentar novos elementos à trama, como as conversas de Lara Jean com seus amantes imaginários, que só acontecem na versão cinematográfica, ou mesmo a presença de redes sociais como o Instagram, que dá um toque mais atual e coerente à narrativa. Em contrapartida, toda vez que o filme se propõe a ser fiel ao livro, o faz de maneira muito coerente. Para quem ama ler (que é o meu caso), assistir uma boa adaptação é sempre um alívio, já que as chances de tudo ser um desastre é sempre grande.

Foto: Netflix

Lana Condor (X-Men: Apocalipse) se mostra uma protagonista cativante e muito carismática, além de transmitir bem as características da personagem do livro, que apesar de fazer parte do escopo comum de adolescentes do ensino médio dos filmes norte-americanos, ainda se mostra apaixonante.

Acredito que único problema da adaptação é a maneira como trata as relações dentro da trama, que carecem de desenvolvimento. Focando mais no relacionamento Lara e Peter Kavinsky (Noah Centineo), o filme deixa de lado a relação entre as irmãs Covey, que tem espaço importante no livro, principalmente quando se trata da relação da protagonista com sua irmã mais, algo que na adaptação é tratado de forma quase insignificante.

E apesar de podermos comemorar por finalmente investirem em uma protagonista de origem asiática, sem o tradicional whitewashing hollywoodiano, ainda dá pra se incomodar com a discrepância entre as irmãs Covey. Apesar do pai das personagens não ser de origem coreana, é difícil encontrar qualquer traço nas outras garotas da família, algo que me causou um certo incômodo.

Vale lembra ainda que a obra também aborda a questão do slut-shaming, como recurso para o clímax da trama, o que não sei ao certo se pode ser encarado de maneira positiva, ainda que abra portas para uma discussão, afinal, até quando mulheres serão humilhadas apenas por terem uma vida sexual ativa?

Foto: Masha Weisberg / Netflix

Apesar dos pequenos defeitos, Para Todos Os Garotos Que Já Amei ainda é um filme gostoso de se assistir. Uma obra leve, engraçada e que consta a história de um amor que começa da forma mais correta possível: pela amizade. Tem a premissa de ser um típico romance adolescente e é bem sucedido nisso, o tipo de longa para quem quer ficar com o coração quentinho e descansar a cabeça de histórias complicadas e cheias de problemáticas.

A história de Lara Jean nos livros ainda tem duas continuações. Não custa torcer para a adaptação fazer sucesso e a Netflix transformar a obra em trilogia.

Bom


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