CRÍTICA | Operação Final

Direção: Chris Weitz
Roteiro: Matthew Orton
Elenco: Oscar Isaac, Ben Kingsley, Mélanie Laurent, Nick Kroll, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2018


Todo ano assistimos filmes que retratam passagens históricas marcantes, e aquelas que remetem a Segunda Guerra, ao nazismo e toda a abordagem de suas características, como o arianismo, a fé em seu ditador Adolf Hitler, e todo mal causado as pessoas que sofreram de alguma forma com tudo isso, costumam ganhar os holofotes. Entramos então em uma nova perspectiva de pensamento, o pós-guerra, uma vertente que não é tão explorada pelo cinema, e que surge como uma aposta da Netflix.

Temos então, no final da década de 50 e início dos anos 60, uma pequena pista sobre o paradeiro de Adolf Eichmann (Ben Kingsley), um dos grandes líderes da Alemanha nazista, e que fugiu para a Argentina após a rendição do exército alemão na segunda guerra. Era foi o principal responsável por "industrializar o assassinato", cuidando da logística do holocausto que matou cerca de 6 milhões de judeus e outras minorias. Essa pista chega até Israel, onde um grupo de agentes secretos, liderados por Peter Malkin (Oscar Isaac), inicia a sua busca pelo exterminador alemão. O plano é capturá-lo e leva-lo até Israel para responder pelos crimes que cometeu contra seu povo.

Apesar da temática interessantíssima, a direção de Chris Weitz (A Bússola de Ouro) deixa um pouco a desejar, por não saber dosar os fatos históricos com o teor de suspense necessário à obra. Todo o primeiro ato soa bastante cansativo, onde é mostrado todo o processo da viagem do grupo até a Argentina, fato que poderia ser encurtado sem pudor.

Foto: Netflix

Como ponto positivo temos Oscar Isaac (Aniquilação) e Ben Kingsley (Homem de Ferro 3), que são muito bem em seus respectivos papéis. Nos momentos em que os dois dialogam em confronto, o longa sobe de patamar, e o suspense, mesmo que indireto, é criado dentro do quarto onde o líder é mantido após captura.  O Peter de Isaac não era uma pessoa totalmente confiante de seus atos, porém era corajoso, conseguindo até mesmo ser contrário a uma ideia que já estava formada por seus superiores. Junto dele havia Hanna (Mélanie Laurent), que infelizmente se mostra uma personagem sem qualquer desenvolvimento narrativo.

Ao não desenvolver adequadamente seus personagens, o roteiro soa deveras expositivo a partir do momento em que a captura ocorre com sucesso. A partir daí vemos uma série de pessoas soltando frases de efeito ao bel prazer. Além disso, as tentativas frustradas da família de Eichmann em recuperar o patriarca soam clichês e entediantes, exceto para a tentativa de retomada do partido nazista em suas bases argentinas, o que soava assustador e perigoso.

Felizmente o terceiro ato é eficiente e emociona o espectador, especialmente pela sensação estimulante de justiça sendo feita, justamente pelas pessoas que sofreram as consequências dos atos odiosos dos nazistas. Lembrando que fato histórico nunca é spoiler.



A história mundial recente sempre precisa ser posta em evidência, pois ainda hoje refletem realidades do nosso dia a dia. A ignorância possibilita que ideias retrogradas possam ser recuperadas atualmente, e isso é assustador. E ainda que o longa falha enquanto obra cinematográfica, é extremamente importante como relato histórico e valorização do povo israelita. 

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