CRÍTICA | Podres de Ricos


Direção: Jon M. Chu
Roteiro: Peter Chiarelli e Adele Lim
Elenco: Constance Wu, Henry Golding, Michelle Yeoh, Ken Jeong, Gemma Chan, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2018


Quem está acostumado a acompanhar comédias românticas já se deparou com narrativas que pegam emprestado elementos de contos de fadas e mesclam com humor escrachado. Somam-se a isso personagens caricatos e uma lição de moral que te mostrará que é melhor rir do que chorar. Podres de Ricos (Crazy Rich Asians), dirigido por John M. Chu (Truque de Mestre: O Segundo Ato), vai além disso, tocando em pontos importantes como choque de cultura, empoderamento feminino e, principalmente, representatividade.

Adaptada do best-seller de Kevin Kwan, a trama nos apresenta a Rachel Chu (Constance Wu), uma imigrante chinesa e professora de economia em Nova York, que é convidada pelo namorado Nick Young (Henry Golding) para viajar até Cingapura, onde será padrinho de casamento de seu melhor amigo. Aos poucos Rachel se da conta que Nick é o "solteiro" mais cobiçado de uma influente e rica família chinesa, representada por Eleanor Young (Michelle Yeoh), a matriarca, que logo antipatiza com a protagonista por conta de suas origens familiares e classe social, a vendo como uma ameaça para o futuro dos negócios do clã Young.

O roteiro apresenta ao espectador uma narrativa divertida, surpreendente e cheia de obstáculos, mas seu principal atrativo é possibilitar que o elenco seja inteiro formado por atores asiáticos ou com descendência asiática. A inovação não está apenas em dar voz e espaço a diferentes culturas, mas também ao ilustrar o choque cultural entre oriente e ocidente, o que acaba dando um gás diferenciado a essa comédia romântica.

Foto: Warner Bros Pictures

Outro mérito do longa é o espaço que dá para que os personagens secundário também brilhem, o que trás sustentação para o filme. A personagem Peik Lin (Awkwafina) se destaca como a amiga e ex-colega de faculdade de Rachel. Ela se torna uma espécie de conselheira quem consegue extrair da protagonista o que ela tem de melhor, com piadas prontas e até frases fortes, como: "Rachel é uma banana, amarela por fora e branca por dentro”. Peik é a força que Rachel precisa para perceber seu potencial e capacidade de se impor perante a "sogra", sem perder a compostura ou, tampouco, passar por cima das tradições da família Young.

O elenco é afiado, variando entre drama e humor com competência. Constance Wu (Assaltos em Cadeia) se destaca em seu primeiro grande papel em Hollywood. Sua personagem é inicialmente vulnerável, mas depois passa por uma crescente, usa todas as estratégias para se sair bem sucedida no jogo da vida. Já Henry Golding (Um Pequeno Favor) convence como uma persona carismática e refém das tradições, da qual o espectador nunca deixa de torcer. Michelle Yeoh (Guardiões da Galáxia Vol. 2) ilustra uma grande antagonista, imponente, com olhar devastador e disposta a tudo para proteger o filho.

John M. Chu entrega um ótimo filme, que faz um perfeito paralelo entre a cultura oriental, que valoriza e coloca a família em primeiro lugar, com a ocidental, que busca a realização de seus sonhos. O espectador é devidamente inserido em um novo universo que dá gosto de acompanhar. De fato uma comédia diferente do que estamos acostumados a ver.

Foto: Warner Bros Pictures

Ótimo

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