CRÍTICA | Millennium: A Garota na Teia de Aranha

Direção: Fede Alvarez
Roteiro: Fede Alvarez, Jay Basu e Steven Knight
Elenco: Claire Foy, Sylvia Hoeks, Lakeith Stanfield, entre outros
Origem: Reino Unido / Alemanha / Suécia / Canadá / EUA
Ano: 2018


Millenium, a conceituada série de livros do sueco Stieg Larrson, chegou às telonas pela primeira vez com uma trilogia filmada por sua terra natal, que adaptou os três primeiros livros da saga. Posteriormente, David Fincher (Clube da Luta) filmou uma versão norte-americana protagoniza por Rooney Mara (A Rede Social) e Daniel Craig (007: Operação Skyfall), intitulada Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (The Girl with the Dragon Tattoo, 2011), que recebeu boa aceitação da crítica, mas nunca enxergou sinal verde para uma sequência. Agora, 7 anos depois, o cineasta uruguaio Fede Alvarez (O Homem nas Trevas) traz ao público Millennium: A Garota na Teia de Aranha (The Girl in the Spider’s Web), adaptação do quarto livro da franquia (que já não é mais escrita por Larrson, falecido), trazendo a britânica Claire Foy (O Primeiro Homem) no papel de Lisbeth Salander.

A narrativa nos apresenta uma Lisbeth isolada do mundo, vivendo às escondidas após a fama repentina que obteve graças às publicações do jornalista Mikael Bloonkvist (Sverrir Gudnason) na revista Millenium, que a retratou como uma espécie de anti-heroína que ataca homens e agride mulheres. Certo dia ela é contatada por Balder (Stephen Merchant) para recuperar o software Firefall, um programa de computador que permite ao usuário acessar um imenso arsenal bélico. O programa foi criado para o governo dos Estados Unidos, mas ele quer deletá-lo por considerá-lo demasiadamente perigoso. Lisbeth aceita a missão e até consegue roubá-lo da Agência de Segurança Nacional, mas não se deu conta de que um outro grupo, os Aranhas, também está interessado na invenção. Agora ela embarca em uma aventura perigosa e precisará contar com suas habilidades para ser bem sucedida.

Foto: Sony Pictures

O roteiro aqui é bastante dinâmico, não há espaço para enrolações ou tramas paralelas. Lisbeth assume o protagonismo da obra, com espaço para exploração de suas fragilidades emocionais e familiares, fruto do relacionamento abusivo que tinha com o pai, além da relação conturbada e mal resolvida com sua irmã gêmea, Camila (Sylvia Hoeks).

Os diálogos são mais intensos, a ação mais estrondosa e os efeitos especiais utilizados, principalmente nas explosões, trazem a verossimilhança necessária para a narrativa. A direção de Alvarez é admirável, especialmente por apresentar ao público uma nova Lisbeth, mais emotiva emotiva, humanizada e vulnerável. Definitivamente uma outra face da famosa hacker. E se você achava que sabia tudo sobre ela, a personagem toma ações que mudam o panorama por completo. 

A escolha por Claire Foy não poderia ter sido melhor. Aclamada pelo sucesso da série The Crown, bem como pelo seu ótimo desempenho no recente O Primeiro Homem, a atriz se mostra extremamente versátil, capaz de viver papéis dos mais diferentes tipos e camadas, transmitindo veracidade em todos eles. Podemos dizer que sua Lisbeth é uma espécie de James Bond, com personalidade forte e sólida em seus propósitos.

O ponto fraco da obra está justamente em seu desfecho, decepcionante para uma trajetória bem construída. As soluções fáceis e previsíveis dos conflitos, ainda assim, não chegam a estragar a experiência do espectador, que mesmo antecipando como tudo irá acabar, consegue comprar a ideia, muito em função da curiosidade pela resolução.

Foto: Sony Pictures

No fim, Millennium: A Garota na Teia de Aranha é um ótimo thriller de ação com altas doses de violência, uma protagonista emotiva e convincente dentro de uma jornada surreal. Se é melhor ou não, se comparado aos longas originais, deixemos o público decidir, mas qualidade há neste trabalho, felizmente.

Ótimo

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