CRÍTICA | O Primeiro Homem

Direção: Damien Chazelle
Roteiro: John Singer
Elenco: Ryan Gosling, Claire Foy, Kyle Chandler, Jason Clarke, Corey Stoll, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2018


Quando olhamos para os heróis da nossa história, só conseguimos enxergar a bravura e seus grandes feitos, nos esquecendo que aquela pessoa é um ser humano com defeitos e virtudes como qualquer outro. Damien Chazelle (La La Land: Cantando Estações), com sua direção delicada e certeira, abre mão do olhar contemplativo da personalidade e busca encontrar o homem comum, conseguindo mostrar um Neil Armstrong não tão brilhante, que comete erros, acertos e tem dramas pessoais que só poderíamos imaginar nos aproximando mais do homem, antes do astronauta que mudou tudo que conhecíamos até então.

É exatamente a partir do desafio de contar sobre a vida de Armstrong, equilibrando-a com os detalhes operacionais da NASA entre os anos de 1961 a 1969, que Chazelle e o roteirista John Singer (The Post: A Guerra Secreta) decidem imergir, nessa que é uma adaptação do livro de James R. Hansen, "O Primeiro Homem: A Vida de Neil Armstrong".

Após perder uma filha para  o câncer, Neil (Ryan Gosling) e sua esposa Janet (Claire Foy) tentam lidar com a superação, com as necessidades de seus outros filhos e com seus próprios psicológicos abalados. Para piorar, os encargos e responsabilidades profissionais de Armstrong como piloto de teste se tornam cada vez maiores e frequentes. Conforme ele e seus companheiros passam a presenciar falhas fatais nas provas e nos equipamentos da NASA, cresce a preocupação com a obsessão pela ambiciosa viagem à Lua e as consequências que ela pode causar, não só para eles, mas para o país, que começa a ficar desacreditado pela população.

Foto: Universal Pictures

Assim, nos deparamos com um Armstrong falho, introvertido, pouco carismático, mas decisivo quando a situação lhe pede essa postura. Enquanto Ryan Gosling (Drive) incorpora essa frieza e concentração características do astronauta, Claire Foy (The Crown) traz coragem e determinação para a esposa. Amparados pelo elenco coadjuvante, que são bem construídos o suficiente para destacar os protagonistas, temos uma obra coesa do ponto de vista narrativo e de atuações, algo essencial aqui.

E mesmo que os personagens sejam impenetráveis, com emoções quase inacessíveis, que acabam impedindo uma aproximação significativa com o público, a câmera tremida, sempre próxima da ação, trabalha constantemente com planos detalhe, em que qualquer mudança, por mais insignificante que seja, não apenas é percebida, como também sentida. Além disso, os efeitos sonoros e a montagem ágil, dão uma enorme imersão à missão e aos testes realizados no espaço. Adicionado a isso está a emotiva trilha sonora de Justin Hurwitz (Whiplash: Em Busca da Perfeição), colaborador habitual de Chazelle, que traz todas as angústias do protagonista nos momentos certos. 

O terceiro longa de Damien Chazelle se propõe a ser desafiador, dramático, realista, e bem diferente de suas obras anteriores. Trata-se do cineasta mais jovem a ganhar o Oscar de melhor diretor e segue sua jornada promissora, nos contando uma história comum, de um homem comum, mas que realizou grandes feitos. E, mesmo com todas as suas dificuldades, deu um grande passo para a humanidade.

Foto: Universal Pictures


Bom

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