CRÍTICA | Aquaman


Direção: James Wan
Roteiro: David Leslie Johnson-McGoldrick e Will Beall
Elenco: Jason Momoa, Amber Heard, Patrick Wilson, Nicole Kidman, Willem Dafoe, Dolph Lundgren, Yahya Abdul-Mateen II, entre outros
Origem: EUA / Australia
Ano: 2018


Criado em 1941 por Mort Weisinger e Paul Norris, Aquaman é um dos heróis mais populares da DC Comics. Justamente por sua fama, é curioso constatarmos que essa é a sua primeira adaptação cinematográfica. O longa-metragem, homônimo, dirigido por James Wan (Invocação do Mal 2), vem com um grande desafio: o de mostrar que é capaz de cativar outros públicos além dos fãs de quadrinhos.

Arthur Curry (Jason Momoa) é o jovem filho de Atlanna (Nicole Kidman), princesa do reino subaquático de Atlântida, que foi banida por fazer visitas à superfície. Em uma dessas viagens ela conheceu o faroleiro Tom Curry (Temuera Morrison), com quem teve um romance, dando vida ao nosso protagonista. Arthur herda os poderes da mãe, portanto pode respirar debaixo d'água, além de ter a capacidade de conversar com todas as espécies marinhas. Com o tempo ele ascende ao trono de Atlântida, porém, surge a ameaça de seu meio-irmão, Orm Marius (Patrick Wilson), que alega ser o legítimo herdeiro do reino. Orm está disposto não apenas a se vingar de Aquaman, mas também dizimar os humanos da superfície.

Nosso protagonista então parte na missão de encontrar o Tridente do Rei, artefato capaz de controlar todo o oceano, mas que só pode ser controlado por um legítimo herdeiro do trono. Para isso ele conta com o apoio de Mera (Amber Heard), rainha do reino de Xebel, antiga colônia de Atlântida, além de Vulko (Willem Dafoe), conselheiro real de Atlântida e principal mentor do herói, pois o treinou desde a infância.

Foto: Warner Bros Pictures

O roteiro não apenas apresenta uma jornada épica, mas também valoriza as origens do personagem central, proporcionando reflexão sobre o quão digno Aquaman é de seu destino. Ser rei está além da grandeza do cargo. O dono do trono precisa ser capaz de apaziguar os ânimos e fazer com que os habitantes da superfície terrestre vivam em harmonia com aqueles que vivem no fundo do mar. Dentro dessa premissa, somos apresentados a abordagens precisas de temas como amizade e lealdade, algo essencial a todo bom filme de herói.

A obra também é um show de efeitos digitais, se destacando especialmente por seu design de produção, tanto na terra, como no mar. Atlântida é retratada com um aspecto futurista, repleta de cores e criaturas desconhecidas. Não há temor em abraçar a galhofa típica das HQs, e isso é um ponto muito positivo ao filme, pois vivenciamos uma narrativa envolvente, cheia de ação e personagens de presença marcante em tela. E nesse ponto, as atuações se destacam.

Muitos esperavam que Jason Momoa (Liga da Justiça) apresentaria um protagonista caricato e repleto das características típicas do ator. Aquaman está longe de ser um galã das HQs, ou mesmo um personagem cômico. Ele passa por uma grande evolução, é bastante violento e nervoso, crescendo na trama em função dos personagens que o cercam, como, por exemplo, Vulko. Willem Dafoe (No Portal da Eternidade) funciona muito bem como conselheiro, o tipo de figura que consegue extrair tudo o que Curry tem de melhor, além de possuir papel significativo para a trama. Patrick Wilson (Invocação do Mal), por sua vez, soa como um perfeito antagonista, que usa de todos os seus recursos para não perder o trono de Atlântida e, de quebra, ver seu meio-irmão arruinado.

Dolph Lundgren (Creed II) é outro que traz imponência ao Rei Nereus, já Amber Heard (Conexão Perigosa) não se limita a ser o par romântico de Momoa, já que sua Mera é dúbia a todo momento, fazendo com que o espectador nunca saiba exatamente de que lado ela está.

Foto: Warner Bros Pictures

Outro aspecto a se destacar é a direção de James Wan, que consegue mesclar bem o tempo de ação com os momentos de alívio cômico e leveza, algo que já havia feito muito bem em Velozes e Furiosos 7 (2015), mostrando novamente sua versatilidade como cineasta, já que iniciou e fundamentou sua carreira nos filmes de terror.

Aquaman é uma adaptação divertida, frenética, de enorme beleza estética e que faz o espectador levantar da cadeira com suas cenas de ação. Não seria exagero dizer que é um dos melhores filmes do ano. Certamente um fôlego para o Universo DC nos cinemas, que precisava de um novo acerto. Agora é aguardar pelos próximos lançamentos da marca. O público, como de costume (ou não), agradece.

Excelente

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