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Postado por
Rafael Oliveira Reis
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Depois de entregar 3 temporadas sólidas e fazer bastante sucesso entre os espectadores, a Netflix resolveu produzir uma espécie de "spin-off" de Narcos, intitulada intitulado Narcos: México. E diferente do arco que envolvia Pablo Escobar (Wagner Moura) e o Cartel de Cali, temos aqui a formação do cartel de Guadalajara, no México, que se tornou um dos mais famosos da década de 80. Seu líder? O "padrinho" de toda a organização, o narcotraficante Miguel Félix Gallardo (Diego Luna).
Já de início, notamos uma diferença em relação as temporadas originais. O objetivo de Miguel Félix era, juntamente com seu parceiro Rafa Quintero (Tenoch Huerta), criar um império tendo como seu produto principal a maconha. O personagem é bem trabalhado pelos roteiristas e, diferentemente de Escobar, sua principal característica é a habilidade de conduzir todo o negócio de forma inteligente e unida. Até sua ascensão como líder do tráfico é realizada dessa maneira, sem pulos de estágios e da maneira que acreditava ser a mais correta.
Opostamente a ele temos o agente encarregado de tentar derrubar o cartel, KiKi Camarena (Michael Peña), inquieto com toda a situação que envolvia o país na época. Para se ter ideia dos acontecimentos, quase todo o sistema era corrupto e era comandado pelos chefes do cartel, o que deixava os americanos de mãos atadas em algumas tentativas e tomadas de decisões. KiKi tem ótimos pontos explorados, entretanto, sua inquietude repetida e quase sem cenas realmente interessantes deixam o personagem um tanto quanto cansativo. Nada disso mancha sua imagem ou afeta a história de alguma forma, mas não há um “que” especial, como havia com Javier Peña (Pedro Pascal), por exemplo, que incorporou ótimos premissas e caiu nas graças do espectador.
Foto: Carlos Somonte / Netflix |
O que me incomoda em Narcos como um todo é a exaltação dos Estados Unidos no contexto histórico de tudo que ocorreu, colocando os países da América Latina como vilões e se estabelecendo como "salvadores da pátria", com palavras e ideias moralistas. Quando Miguel Félix consegue realmente se firmar como chefe da organização, as repetições de temas dentro da própria narrativa acabam soando um pouco repetitivas (os episódios com mais de 1 hora de duração também não ajudam).
Por outro lado, a trama tem evolução significativa quando vemos Miguel fazendo negócios com o Cartel de Medellín e com o Cartel de Cali. Aqui temos nostalgia pura, relembrando atores como o próprio Wagner Moura (Praia do Futuro), que mesmo abaixo do peso característico do personagem, entrega uma performance sólida, nos fazendo recordar como a Colômbia e o mundo temia por suas ações. A série realmente toma proporções mais interessantes quando a cocaína é apresentada ao “padrinho”. Não que os episódios anteriores sejam totalmente esquecíveis.
Temos aqui uma falta expressiva de personagens que enquadram os papeis dos agentes do DEA. Não se obtém nenhuma relação de afetividade com os próprios, e não se tornam tão relevantes para a trama. Possivelmente serão suprimidos pelos dois personagens centrais, o que não acontecia nas temporadas da série que a originou. Já os nomes relacionados ao narcotráfico são muito mais expressivos. Vocês infelizmente irão amar Don Neto (Joaquín Cosio), braço direito de Felix. Além dele, nomes conhecidos como “El Chapo” já aparecem na organização, o que pode vir a ser explorado em possíveis novas temporadas.
Foto: Carlos Somonte / Netfliv |
Em suma, Narcos: México (já renovada para o próximo ano pela Netflix) entrega uma boa temporada, voltada para questões políticas e estratégicas que davam o tom dos episódios. A ação e a violência não ganham tanto espaço quanto nos tempos de Escobar, mas isso deve mudar significativamente no futuro. É aguardar para ver.
Bom |
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