CRÍTICA | Suspíria: A Dança do Medo

Direção: Luca Guadagnino
Roteiro: David Kajganich
Elenco: Dakota Johnson, Tilda Swinton, Chloë Grace Moretz, entre outros
Origem: Itália / EUA
Ano: 2018


Suspíria: A Dança do Medo (Suspiria), lançado no circuito cinematográfico dos EUA em novembro de 2018, chegou a pouco nos cinemas brasileiros. Trata-se de um remake do clássico  homônimo dirigido por Dario Argento (Giallo: Reféns do Medo) em 1977, uma obra que se tornou ícone cult e marcou a sétima arte graças à sua estética e trilha sonora inconfundíveis. O responsável pela nova produção é o também italiano Luca Guadagnino (Me Chame Pelo Seu Nome).

O longa conta a história da jovem bailaria norte-americana Susie Bannion (Dakota Johnson), que se muda para Berlim para fazer parte da admirada Marco Tanz Company. Chegando logo após o estranho e conturbado desaparecimento de uma das principais dançarinas da companhia, Patricia (Chloë Grace Moretz), Susie consegue rapidamente galgar um lugar de prestígio e se destacar sob os olhares e direcionamentos de Madame Blanc (Tilda Swinton). Mas nem tudo é o que parece e uma aura de medo e desconfiança cerca o lugar. Sara (Mia Goth), uma das melhores amigas Susie, começa então a suspeitar sobre o que de fato acontece entre as paredes da Marco Tanz.

Falar de remakes é sempre um desafio, principalmente quando se trata da releitura de um clássico tão marcante, como é o caso. As surpresas nem sempre são agradáveis e as críticas, em sua maioria, são ácidas. Suspíria, no entanto, parece fugir desse padrão.

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O roteiro por si só é uma grande surpresa, e quem espera semelhanças gritantes com o original, pode desistir. Logo de início a obra se mostra completamente diferente de sua primeira versão, uma vez que o que é mistério lá, é explícito aqui, mostrado nos primeiros quatro minutos de cena. Além disso, a produção consegue incluir novos e importantes elementos de mistério a trama, conferindo mais imponência a narrativa. Ou seja, ainda que se utilize do mote, a nova roupagem é mais profunda, apresentando inclusive um melhor desenvolvimento de personagens. É o caso de Susie, por exemplo.

Dessa vez vemos a dança como ponto central e guia da trama, que também se vale de questões políticas importantes e acrescenta elementos delicados e que fazem alusão ao trabalho primoroso de Argento. E aqui devemos elogiar a bela condução de Guadagnino, que mostra novamente o motivo de ser um dos grandes nomes do cinema atual, fazendo escolhas inteligentes, desde o elenco até a maneira como inclui referências da trama original. Também é elegante e inteligente ao ponto de entender o melhor momento de acrescentar sangue à tela, conseguindo o desconforto do espectador. E se você já assistiu ao filme, sabe exatamente de que cena estou falando.

Suspíria: A Dança do Medo surpreende por sua inteligência e por ser uma homenagem digna à obra passada. Mesmo com alguns tropeços e uma trama que as vezes pode parecer um pouco confusa para espectadores acostumados com filmes de terror mais simplistas, o longa mostra porque foi um dos grandes destaques do circuito internacional em 2018.

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Ótimo

   

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