CRÍTICA | Joias Brutas

Direção: Benny Safdie e Josh Safdie
Roteiro: Benny Safdie, Josh Safdie e Ronald Bronstein
Elenco: Adam Sandler, LaKeith Stanfield, Julia Fox, Idina Menzel, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2019


Sempre que leio uma crítica negativa sobre um filme que a maioria dos espectadores amou, me vejo pensando que quem escreveu buscava ganhar mais cliques ou ser o famoso "do contra". Pois bem, com Joias Brutas (Uncut Gems) parece ter chego a minha vez de ser pega pelo monstrinho do "não gostei".

Dirigido pelos irmãos Josh e Benny Safdie (Bom Comportamento), o longa conta a história de Howard Ratner (Adam Sandler), um joalheiro trambiqueiro, viciado em jogos de azar e afundado em dívidas, que encontra em um pedra preciosa, não lapidada e vinda da Etiópia, a chance de resolver seus problemas e quitar seus inúmeros débitos. Porém, o que parecia uma tarefa simples se torna uma gigantesca confusão criada principalmente a partir das atitudes tomadas pelo próprio protagonista ao longo de sua jornada.

Joias Brutas não apenas recebeu 95% de aprovação no Rotten Tomatoes, como ganhou prêmios como o do Film Independent Spirit Awards, incluindo melhor ator para Adam Sandler (Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe). Muita gente, inclusive, se decepcionou por não ver o ator indicado ao Oscar 2020, já que, rotulado como comediante, essa seria um boa chance de vê-lo reconhecido por seu potencial dramático.

Foto: Julia Cervantes/Netflix

A verdade é que o roteiro, e o longa de um modo geral, me pareceu estupidamente confuso. Um emaranhado de diálogos frenéticos que não se conectavam entre si e que faziam a experiência se tornar caótica ao espectador. E se essa parecia a proposta inicial dos irmãos Safdie, aos poucos a premissa vai se esgotando e perdendo a atenção do público, já que o texto carece de desenvolvimentos e não gera grande apelo.

Sobre a atuação de Adam Sandler é preciso tirar o chapéu e assumir que é realmente um bom trabalho. Como um ator conhecido por seus papéis carismáticos e engraçados, é surpreendente vê-lo assumindo uma persona absolutamente irritante e detestável. Howard causa agonia a quem assiste, tamanha a sua propensão a tomar péssimas decisões, afundando cada vez mais em um buraco que não parece ter fim.

Apesar do bom desenvolvimento do protagonista, Joias Brutas não faz o mesmo com seus personagens secundários, que não possuem carisma ou atratividade a quem assiste. Mesmo os diálogos, que buscam a naturalidade a todo momento, são pouco inspirados. Se louvamos o roteiro de obras como Dois Papas (2019), por exemplo, por sua complexidade e riqueza de diálogos, aqui o caminho é percorrido de forma inversa, conversas fracas e preenchidas por palavrões, gritos e xingamentos desnecessários.

Foto: Netflix

No fim, Joias Brutas entregou pouco do que a expectativa por assisti-lo sugeria. Contudo, estamos falando de cinema e entretenimento, de modo que os gostos e experiências de cada um influenciam no resultado final da obra. Por mais que eu particularmente não tenha achado grande coisa, a visita é sempre importante, para que cada espectador possa formar sua opinião a respeito.

Bom

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