CRÍTICA | Oldboy: Dias de Vingança

Direção: Spike Lee
Roteiro: Mark Protosevich
Elenco: Josh Brolin, Elizabeth Olsen, Samuel L. Jackson, Sharlto Copley, Michael Imperioli, Pom Klementieff, Rami Malek, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2013


Personagens esquecíveis, um grande aglomerado de atuações caricatas em um cenário tão genérico quanto o de uma cozinha de um comercial de margarina. Oldboy: Dias de Vingança (2013), remake norte-americano do filme homônimo sul-coreano de 2003, chega sem ser percebido e vai embora da mesma forma. Esperei um dia após assisti-lo para poder escrever essa crítica, pensando que seria tempo o bastante pra diluir minha indignação e aliviar minhas palavras. Bom, já posso dizer que um dia não foi o suficiente.

A premissa é simples: um homem é raptado e preso por 20 anos sem qualquer motivo. Nesse período encarcerado, é acusado de estuprar e matar sua ex-mulher na frente da sua pequena filha. Após solto, parte em busca de vingança e resposta.

“Vou te procurar, vou te encontrar e vou te matar”, diria Liam Neeson em Busca Implacável (2008). Aqui, no lugar, temos um Josh Brolin (Vingadores: Ultimato) completamente irreconhecível, caricato, disperso e exagerado no papel do publicitário alcoólatra Joe Doucett, nosso protagonista. Completam o elenco Elizabeth Olsen (Terra Selvagem), Pom Klementieff (Guardiões da Galáxia Vol. 2) e Samuel L. Jackson (Os Oito Odiados), dando as mãos nesse circo de atuações desastrosas.

Foto: 40 Acres & A Mule

O problema nem seria o exagero, veja bem, caso o filme pedisse esse tom mais fantasioso. Mas Spike Lee (Verão em Red Hook) traz diversos elementos mundanos pra tentar te convencer a todo minuto que aquele é o mundo real, como se tudo fosse o mais pé no chão possível. Essa, que é uma das marcas mais fortes do diretor que, aqui parece completamente anulada.

Um exemplo claro disso é a relação entre Olsen e Brolin. Em cerca de 30 segundos de conversa, sem nunca terem se visto, ela decide deixar de lado um projeto humanitário que se dedica há anos pra ajudar e seguir um desconhecido. Afinal, isso acontece todo dia com todo mundo.

Você pode até achar que eu estou exagerando, as pessoas podem ter bom coração, se apaixonar, ter uma vocação em ajudar o próximo e por aí vai. São muitas as possibilidades.

Tudo bem, segure meu copo.

Minutos depois, temos uma perseguição na cidade, onde o protagonista está pedalando uma bicicleta perseguindo suspeitos que estão dirigindo um carro em alta velocidade. Spoiler do bem: ele alcança o veículo sem qualquer dificuldade, ainda desacelerando no final. Sim, você não leu errado.

No mesmo contexto colocamos todas as cenas de ação do longa. As coreografias parecem ter sido tiradas dos antigos jogos de RPG por turno, onde cada um espera respeitosamente o seguinte para atacar. É tão ruim que em certos momentos parece até que é de propósito. E se eu tinha achado ruim a batalha final frente ao trono em Star Wars: A Ascenção Skywalker (2019), devo desculpas a Rey e Kylo Ren.

Foto: 40 Acres & A Mule Filmworks

Em conjunto com as fracas cenas de ação temos alguns momentos de violência explícita que não  agregam nada a trama, como a que acontece no campo de futebol americano. Utilizar a violência apenas pela violência soa desconexo. É o choque pelo choque, que perde o sentido e o impacto que poderia ter.

Oldboy: Dias de Vingança é um reflexo do confinamento de Joe no início da trama: vazio e sem qualquer peso dramático. E, veja bem, eu nem entrei no mérito de que o nosso "herói" aprende a lutar com vídeos de ginástica em seu cativeiro. Bom, melhor parar por aqui.

Ruim


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Eduardo é jornalista e há muito tempo não ficava tão incomodado com um filme.

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