CRÍTICA | Vingadores: Ultimato


Direção: Anthony Russo e Joe Russo
Roteiro: Christopher Markus e Stephen McFeely
Elenco: Robert Downey Jr., Chris Evans, Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Scarlett Johansson, Jeremy Renner, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2019

"Parte da jornada é o fim."

Parafraseando Tony Stark (Robert Downey Jr.), não havia melhor forma de chegarmos ao final dessa jornada. Vingadores: Ultimato (Avengers: Endgame) fecha com maestria não apenas os eventos iniciados em Vingadores: Guerra Infinita (2018), como encerra a era de ouro do Universo Cinematográfico Marvel (MCU). Ao menos até aqui.

O filme, novamente dirigido pelos irmãos Anthony e Joe Russo (Capitão América: Guerra Civil), é um presente para aqueles que acompanharam essa viagem desde seu ponto de partida, lá no primeiro Homem de Ferro (2008). 11 anos depois e com 22 filmes nas costas, a Marvel Studios precisava encontrar um fechamento de capítulo que equilibrasse a expectativa dos fãs com a coerência de seu próprio universo. O estúdio é bem sucedido nessa empreitada, abrindo espaço ainda para uma série de surpresas e decisões ousadas.

Foto: Marvel Studios

"Custe o que custar."

A frase repetida por boa parte dos personagens durante a obra retrata com exatidão o momento ímpar em que os heróis mais poderosos da terra atravessam. A derrota nunca fez parte de suas trajetórias, e tal sentimento os colocou em um ponto jamais explorado. Fracassar e ter que recomeçar do zero. Lidar com os erros é uma das principais características humanas e trazer nossos protagonistas para o lugar comum é dar ao espectador a chance de se relacionar com eles de forma profunda. Após o estalo de Thanos (Josh Brolin), a impotência os colocou como iguais, seja você um deus asgardiano ou um guaxinim.

Se Guerra Infinita nos deixou à deriva (para alguns personagens literalmente), Ultimato nos pega pelo braço, mas não sem antes nos arrastar por um chão de pedras e areia. Nenhum outro filme do estúdio iniciou de forma tão intimista e melancólica. Não a toa, todo o primeiro arco é focado em pavimentar o cenário que veremos a seguir, aprofundando o relacionamento de cada um que vemos em tela. A sensação ao embarcar no longa é a de nunca termos saído do anterior. Até por esse motivo é difícil encarar os 2 filmes como obras separadas. Os dois são extremos da mesma história. Um grande arco de quase 6 horas de duração.

O roteiro da dupla Christopher Markus (Capitão América: O Primeiro Vingador) e Stephen McFeely (Thor: O Mundo Sombrio), ancorados na mente criativa de Kevin Feige, não apenas apresenta conclusões satisfatórias para os arcos de cada personagem, como amarram de maneira consistente e crível todo o universo construído até ali. Nada do que vemos em tela parece solto ou dispensável. Tudo se conecta visando um final apoteótico e que funciona de maneira singular.

Foto: Marvel Studios

Apesar de todos os heróis terem seu momento de brilho, não há duvida de que os seis vingadores originais ganham destaque. Especialmente aqueles que tiveram trilogias para chamar de suas: Homem de Ferro, Capitão América (Chris Evans) e Thor (Chris Hemsworth). Ultimato, acima de tudo, também é uma conclusão para o arco desses três, que entregam em tela alguns de seus melhores momentos.

Se em Guerra Infinita os holofotes estavam voltados para Tony Stark e Thor, com a batalha em Titan e a forja do Rompe Tormentas, aqui havia um débito a se pagar para com Steve Rogers. E ele é pago de forma gloriosa. Stark pode ter dado o pontapé inicial para o que mais tarde se tornaria Os Vingadores, mas é o Capitão que nos guia por todo o caminho. Se tudo ao redor da equipe funciona é porque, ao longo dos filmes, vimos o amadurecimento e a liderança natural crescer dentro do personagem. Alguém que perdeu tudo, reconstruiu sua vida e depois viu tudo escorrer pelas suas mãos novamente, pelo simples fato de não ser capaz de impedir o objetivo de Thanos. Recomeçar faz parte de seu DNA, e era preciso vir dele o grito de revanche. E ele vem. De uma forma que levará as salas de cinema ao ápice da empolgação.

Afirmei antes e afirmo novamente, Vingadores: Ultimato é um presente para quem acompanhou essa história por uma década. Uma jornada cinematográfica sem precedentes e que não deve ser superada tão cedo. Se parte da jornada é o fim, esse foi o melhor possível vezes três mil.

Foto: Marvel Studios


Excelente

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Eduardo Fernandes é jornalista e está ansioso para (vibrar) assistir Ultimato de novo.

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