CRÍTICA | Loucos Por Nada

Direção: Taika Waititi
Roteiro: Taika Waititi
Elenco: Loren Taylor, Jemaine Clement, Taika Waititi, Joel Tobeck, entre outros
Origem: Nova Zelândia
Ano: 2007


Loucos Por Nada (Eagle vs Shark) é o primeiro filme da ainda curta, porém prazerosa, filmografia do diretor neozelandês Taika Waititi (Jojo Rabbit). Escrito e dirigido por ele, o longa-metragem já traz algumas das suas características mais marcantes como cineasta, o humor sarcástico totalmente fora do comum e sua grande habilidade em criar e desenvolver personagens. 

Na trama conhecemos a história da garota Lily (Loren Taylor) que está infeliz com sua vida monótona e seu trabalho, mas se se apaixona por Jarrod (Jemaine Clement) pelo simples fato dele ter uma pinta semelhante a dela próxima da boca.

Podendo ser considerada uma obra de comédia romântica, aqui você não irá encontrar os clichês habituais do gênero, e sim uma brincadeira com todos esses estereótipos de filmes mainstream. É como se Taika torcesse duas ou três vezes o óbvio desse tipo de comédias antes de entregar o resultado final ao público.

Contando com a bela cinematografia de Adam Clark (Boy), a direção de Taika é criativa e sabe usar os cenários e locações a seu favor para criar belas e coloridas imagens. O roteiro, por outro lado, tem seus altos e baixos.

Foto: New Zealand Film Commission

Quando se trata da construção dos personagens, o texto é perfeito. Elementos simples são colocados de maneira singela e que definem a personalidade e as mudanças dos protagonistas. E se o espectador não estiver atento, certamente perderá essas pequenas nuances narrativas que são essenciais para que o filme funcione.

O ponto fraco do roteiro é quando ele investe em uma história de "amor" abusiva e nada envolvente para o público. Isso inevitavelmente acaba tornando o conteúdo datado e, certamente, seria muito questionado se lançado nos dias de hoje. Dá para entender que faz parte do humor “awkward” do longa, mas ainda assim não envelheceu tão bem em alguns aspectos. 

E aos fãs recentes do diretor, vale o aviso de que a obra se parece muito pouco com seus filmes populares como Thor: Ragnarok (2017) ou A Incrível Aventura de Rick Baker (2016). Talvez o trabalho que mais tenha semelhanças seja Boy (2010), seu longa seguinte. É como se Taika ainda estivesse encontrando o equilíbrio perfeito entre o humor de estranhamento e o sarcasmo que tanto gosta, e que veríamos tão bem feito em seus trabalhos mais recentes.

Loucos Por Nada é divertido e apresenta personagens bens construídos, mas pouco carismáticos. Uma obra que certamente desafiou a estrutura do gênero quando lançado, satirizando-o a todo momento. E embora não tenha envelhecido tão nos aspectos já mencionados, merece a atenção do espectador pelo simples fato de ser o primeiro passo de um talentoso diretor em ascenção.

Foto: New Zealand Film Commission


Bom

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