CRÍTICA | Despertar dos Mortos

Direção: George A. Romero
Roteiro: George A. Romero
Elenco: David Emge, Ken Foree, Scott H. Reiniger, Gaylen Ross, entre outros
Origem: EUA / Itália
Ano: 1978


Sem muita introdução e indo diretamente ao ponto, Despertar dos Mortos (Dawn of the Dead) é um longa-metragem dirigido pelo icônico George A. Romero e lançado em 1978. O cineasta é responsável por diversos clássicos relacionados a temática zumbi, como A Noite dos Mortos-Vivos (1968), O Exército do Extermínio (1973) e Dia dos Mortos (1985). Acredito, no entanto, que esse seja o exemplar mais marcante de sua filmografia, ganhando até uma refilmagem em 2004, dirigida por Zack Snyder (300).

A trama, logo de início, divide a narrativa em dois pontos de vistas distintos. Cada um desses dois personagens terão visões diferentes dos acontecimentos, até eventualmente se encontrarem no decorrer da trama. Já por parte do espectador, fica a impressão de que os mortos vivos existem já há algum tempo naquele mundo, todos já sabem como eles se comportam, gerando até mesmo pauta de progrmas televisivos.

Todos os personagens, de modo geral, deixam alguém que amam para trás, o que traz peso para suas histórias. Os policiais Peter (Ken Foree) e Roger (Scott H. Reiniger) possuem experiências com armas, e isso traz segurança para enfrentar as criaturas que estão perambulando. Francine (Gaylen Ross) e Stephen (David Emge) são civis comuns, eles trabalham em uma emissora de televisão local e pretendem fugir de helicóptero para o norte do país.

Os tipos de zumbis presentes no filme são dos mais clássicos. Eles são lentos, desprovidos de inteligência e famintos por carne humana. São criaturas atraídas pelo som e que permanecem andando, sem qualquer objetivo aparente que não seja se alimentar. Os personagens chegam a cogitar que eles estão presos às memórias de quando eram humanos e, por isso, ficam presente em locais comuns, como o shopping da cidade, onde a maior parte da trama se desenrola. Isso, claro, não deixa de ser uma critica interessante ao capitalismo.

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A maquiagem dos zumbis deixam a desejar e evidenciam o baixo orçamento da obra. Para se diferenciarem dos humanos, as criaturas possuem uma coloração azul em sua pele, como se todos tivessem morrido de asfixia ou algo do tipo. Já os efeitos especiais, como sangue ou alguma parte dilacerada do corpo humano, beiram o thrash, lembrando as técnicas usadas em outros filmes de terror clássicos, como Suspiria (1977), de Dario Argento.

Outro elemento estabelecido por Romero no gênero é fato dos personagens se encontrarem aleatoriamente em um determinado local, percebendo que não possuem outra opção, se não lutarem para sobreviver a todo custo, mesmo sem gasolina, comida e munição suficiente para se defenderem. Nesse sentido, o shopping acaba sendo o refúgio ideal para eles, após tentativas frustradas de conseguirem recursos.

Para os amantes dos videogames, dá pra enxergar a influência clara do filme em jogos como Left 4 Dead (2008), lançado pela Valve, por exemplo, onde é possível jogar com quatro personagens que tentam sobreviver ao apocalipse zumbi passando por cenários improváveis e utilizando das armas disponíveis naqueles locais.

No fim, Despertar dos Mortos fica na linha tênue entre o terror e a diversão. Ao mesmo tempo em que o espectador teme pelos personagens em uma atmosfera de fim dos tempos, é curioso o divertimento de vê-los aprisionados em um local atípico como um shopping, podendo usufruir de tantos recursos diferentes. Mesmo sabendo que os personagens estão entre a vida e a morte, eles aproveitam o ambiente ao máximo, como se cada dia fossem o último de suas vidas. O que não deixa de ser outra mensagem interessante do filme.

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Bom

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