CRÍTICA | A Princesa e o Sapo

Direção: Ron Clements e John Musker
Roteiro: Ron Clements, John Musker e Rob Edwards
Elenco: Anika Noni Rose, Bruno Campos, Keith David, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2009

Não é somente a história em si, mas a forma como ela é contada. A Princesa e o Sapo (The Princess and the Frog) pode até ter como base o famoso conto do príncipe sapo, dos irmãos Grimm, mas vai muito além. Seja quando a apresenta a primeira princesa negra do panteão da Disney, seja ao abordar o misticismo e o vodu em meio a uma Nova Orleans que vibra jazz, cores e comidas. Tal qual centenas de vagalumes, a animação dirigida por John Musker (A Pequena Sereia) e Ron Clements (Moana: Um Mar de Aventuras) brilha forte em representatividade e cava seu lugar de destaque junto aos melhores.

Ao contrário do que estamos acostumados, a trama começa com o beijo entre a princesa e o sapo. Porém, por não ser uma princesa, Tiana (Anika Noni Rose) acaba se transformando também no animal. A partir daí, ambos partem em busca de conserto. Não somente do corpo, mas do que eles verdadeiramente buscam pra si.

Apesar de compartilharem da nova jornada, os caminhos que os levaram até esse inesperado encontro foram bem diferentes. Filha de mãe costureira e pai cozinheiro, Tiana desde cedo foi batalhadora. Muitos empregos, pouco descanso. De origem simples, seu único desejo era completar o sonho de seu pai: ter seu próprio restaurante, onde todos seriam bem-vindos, independentemente de sua classe.

E de classe, o Príncipe Naveen (Bruno Campos) entende. Bom, ao menos ele vem de uma família nobre, mas trabalhar e batalhar são palavras fora do vocabulário do charlatão real.

Walt Disney Pictures

É através dos diferentes olhares de mundo que ambos conseguem enxergar além de seus objetivos iniciais. Ajudados, é claro, pelos muitos encontros ao longo do caminho, afinal, não há animação da Disney sem dois elementos chaves de narrativa: um vilão extravagante e coadjuvantes carismáticos. E ouso dizer que ambos foram acertos primorosos da produção.

Como não simpatizar de cara por Louis (Michael-Leon Wooley), por exemplo, um crocodilo que sonha tocar trompete em uma banda de jazz. Ou não se envolver na relação entre o vagalume Ray (Jim Cummings) e o amor de sua vida, a calada Evangeline. Relação essa que promove uma das cenas mais sensíveis e bonitas que já vi em animações.

Mas se Tiana teve companheiros em sua jornada de descoberta, Dr. Facilier (Keith David) tinha amigos do outro lado. O feiticeiro e especialista em vodu tem presença, porte e carrega o tom ameaçador que a trama pede. É bem verdade que a participação não é das maiores, mas o personagem tem tempo o bastante pra ser marcante e ainda entregar uma das melhores canções do filme.

Relevante e atual, A Princesa e o Sapo transborda representatividade em seus mais coloridos tons. Tal qual o sonho do restaurante da Tiana, a animação agrada a todos, promovendo satisfação e felicidade.

Ótimo


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