CRÍTICA | Dália Negra

Direção: Brian De Palma
Roteiro: Josh Friedman
Elenco: Josh Hartnett, Scarlett Johansson, Aaron Eckart, Hilary Swank, entre outros
Origem: EUA / Alemanha / Reino Unido / Israel / Bulgária
Ano: 2006

A lista de crimes famosos que, por algum motivo - mistério, violência ou algo macabro -, ganharam notoriedade é bem extensa, e todo mundo conhece ao menos um. O garoto na caixa, o Massacre de Columbine, o assassinato de James Bulger, a caso Isabella Nardoni, a morte do casal Von Richthofen, entre tantos outros que chocaram o mundo. Muitos desses casos, claro, viraram filmes ou séries.

Dentro desse hall fúnebre, temos o caso mundialmente conhecido como Dália Negra (The Black Dahlia).

Em janeiro de 1947, o corpo da jovem Elizabeth Short, uma aspirante a atriz de 23 anos, foi encontrado brutalmente mutilado em um terreno na cidade de Los Angeles, nos EUA. Betty estava nua, seu tronco havia sido partido ao meio e ela se encontrava com os braços para cima e as pernas abertas. Além disso, sua boca havia sido cortada, formando um sorriso macabro de orelha a orelha. Havia lacerações nos punhos, seu cadáver estava lavado e seu sangue fora drenado.

O crime ganhou grande notoriedade por toda a violência empregada, e ficou conhecido como Dália Negra por conta dos jornais da épica, que usaram o termo em referência ao filme A Dália Azul (1946), de George Marshall (A Conquista do Oeste), que tinha estado em cartaz um ano antes. Até hoje o assassino de Betty nunca foi encontrado e o caso segue sendo um dos mais misteriosos e famosos dos Estados Unidos.

Universal Pictures

O responsável por levar essa história aos cinemas foi Brian De Palma (Femme Fatale), retratando os bastidores da investigação do assassinato, de maneira ficcional e baseada no romance do autor James Ellroy, de 1987.

Na trama acompanhamos os investigadores Dwight "Bucky" Bleichert (Josh Hartnett) e "Lee" Blanchard (Aaron Eckhart) na busca pelo assassino de Elizabeth (Mia Kirshner), enquanto se envolvem com outras tramas e questões pessoais. E essa talvez seja a maior surpresa da trama, já que o caso da Dália Negra serve mais como pano de fundo para o desenvolvimento dos conflitos pessoais dos protagonistas do que o centro da obra.

A bem da verdade, o caso de Betty se perde completamente dentro do roteiro de Josh Friedman (Guerra dos Mundos). Ficamos presos especialmente ao triângulo Dwight, Lee e Katherine (Scarlett Johansson) e seus sentimentos conflitantes, que devo dizer, são bem monótonos. Para um filme que deveria ter maior apelo, Dália Negra soa perdido, com personagens pouco interessantes, atuações apagadas e um desfecho pra lá de sem graça.

O longa, por exemplo, sugere um nome e rosto para o assassino de Elizabeth Short, mas tal revelação não consegue causar surpresa, simplesmente porque o caminho para chegar até a resposta é uma teia de informações que não parece fazer muito sentido. Além disso, o filme faz questão de abordar a possível promiscuidade da jovem assassinada, além de colocá-la em diversos cenários vexatórios, como filmes eróticos. Algo bem desnecessário.

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Brian De Palma tentou criar um suspense noir, que parece engrenar ao fim do primeiro ato, mas que aos poucos vai se perdendo em suas intenções até chegar a uma conclusão decepcionante. Talvez o ponto mais interessante seja o fato da obra não atribur o assassinato da jovem a um psicopata, ou mesmo a investigação infrutífera à incompetência da polícia. Esse peso fica nas costas da elite e da corrupção da Los Angeles dos anos 1940.

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