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Postado por
Lívia Campos de Menezes
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Desde que estreou, Mindhunter é um dos assuntos mais comentados entre os aficionados por seriados cuja temática envolva crime e justiça. Confesso que não li o livro homônimo de John Douglas, no qual a série é baseada, mas desde que soube do que se tratava e que David Fincher (Clube da Luta) era um de seus produtores fiquei em polvorosa, aguardando ansiosamente por essa estreia.
A estória se passa no final dos anos 70 e gira em torno de dois agentes do FBI, Holden Ford (Jonathan Groff, The Normal Heart) e Bill Tench (Holt McCallany, Clube da Luta). Cansados da ineficiência policial para prevenir crimes ou entendê-los de maneira racional, os dois decidem entrevistar alguns dos maiores criminosos de sua época. Conforme avançam em suas entrevistas, porém, fica claro a ambos sua falta de conhecimento científico. Para tentar preencher as lacunas de sua pesquisa, Holden e Bill pedem auxílio à professora universitária, Dr. Wendy Carr (Anna Torv, Fringe). Juntos, o trio passa a trabalhar num modelo para auxiliar o FBI a entender não somente a mente dos criminosos encarcerados, mas também a solucionar crimes complexos.
O que torna a série interessante é que o roteiro não se limita a contar o que acontece apenas entre os especialistas do FBI e os criminosos que eles entrevistam. Muito além, o roteiro nos leva à vida privada de cada um daqueles especialistas e mostra como seus dramas pessoais influenciam suas decisões. Durkheim afirma que o indivíduo é o produto da sociedade. Como em um bom estudo sociológico, em Mindhunter acompanhamos as personagens para entender como o convívio social as moldou – verificamos tanto como as relações pessoais e traumas formaram os assassinos entrevistados, quanto como o convívio com tais homicidas alteraram a maneira de pensar e agir dos entrevistadores.
É importante que se diga que, embora os agentes Holden e Bill sejam apenas baseados em pessoas reais (eles não são, de fato, os agentes que saíram a entrevistar criminosos nos anos 70), os assassinos apresentados no seriado são personagens reais da história criminal norte-americana. Inclusive, muitos deles ainda estão vivos. Saber disso deixa o espectador ainda mais tenso, porque a frieza e cálculo mental dos condenados nos assombram.
A série não é daquelas que nos vicia enlouquecidamente. Os capítulos se desenvolvem lentamente e não necessariamente têm um gancho que nos faz querer ver um episódio logo em seguida do outro. Mindhunter não é um seriado violento, no sentido gráfico. Não há muitas cenas "pesadas". O destaque da série são os diálogos muito bem escritos. O que interessa é acompanhar os especialistas do FBI e seus embates para racionalizar os crimes que analisam. Além disso, o que a série nos mostra é como a convivência diária daqueles especialistas com os crimes horrorosos influenciam suas vidas.
Outro ponto de destaque em Mindhunter é a trilha sonora absolutamente fantástica. Os hits setecentistas dão vida aos episódios e nos colocam naquele universo de maneira fenomenal. Além disso, o cuidado da produção com os efeitos sonoros é fundamental e auxilia o roteiro a manter o espectador fascinado em conhecer as diferentes prisões, os escritórios e os porões do FBI.
Se você gosta de estórias em que temas pesados – como assassinato – são destrinchados, não necessariamente para achar culpados ou mostrar cenas de crimes bizarros, mas para entender as razões pelas quais tais crimes ocorreram, Minhunter é para você.
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Lívia Campos de Menezes é apaixonada por filmes, séries e boa música (leia-se rock'n'roll). Adora ler e viajar. Desde 2015 mora nos Estados Unidos, onde faz MFA em Cinema na UNC School of the Arts.
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