CRÍTICA | O Rei do Show

Direção: Michael Gracey
Roteiro: Bill Condon e Jenny Bicks
Elenco: Hugh Jackman, Michelle Williams, Zac Efron, Zendaya, Rebecca Fegurson, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2017


P.T. Barnum ficou conhecido historicamente como o pai do show business, ditando, em pleno século XIX, estratégias de divulgação e entretenimento que são utilizadas praticamente até hoje. Vindo de origem humilde e casando-se com a filha de um dos membros da elite, Barnum sempre teve visão para os negócios, empreendendo desde muito jovem e até mesmo fundando um jornal. Quando mudou-se para Nova York, entrou para o ramo do entretenimento e criou um show repleto de excentricidades e fraudes, ficando famoso mundialmente pelas figuras que apresentava em seu espetáculo e, claro, por enganar seu público.

Baseando-se na biografia dessa figura controversa da história popular, encontramos o roteiro para este O Rei do Show (The Greatest Showman), novo filme de Hugh Jackman (Logan) e do diretor estreante nos cinemas, Michael Gracey.

Apesar de ser uma figura emblemática, o que vemos no musical é uma apropriação bem livre do que de fato foi a história de P.T Barnum. Livre até demais, diga-se de passagem. Historicamente falando, O Rei do Show transforma a imagem do seu protagonista em algo terno demais. Por mais que o musical busque trazer as nuances, dúvidas e dilemas do personagem, seus altos e baixos como produtor e ser humano, Barnum sempre permanece com uma aura tão bondosa, que beira o extremo, ainda mais tratando-se de alguém que, na realidade, utilizava-se das deficiências alheias para lucrar.

Além disso, a história do protagonista é pouquíssimo trabalhada, servindo apenas, e literalmente, como pano de fundo para o desenrolar da trama. Vê-se muito pouco de realidade na obra, mas talvez isso tenha uma explicação, que, para mim, soa muito válida.

Foto: Fox Film do Brasil

Estamos falando de um filme cujo mote é o entretenimento e é exatamente isso que ele entrega. Se no fundo há pouco de realidade em tela, a verdade é que talvez o objetivo sempre tenha sido esse. O musical se apresenta e se desenrola de maneira incrivelmente sonhadora. São duas horas de pura magia em tela. Há quem diga que ele é muito açucarado, eu já acho encantador. O Rei do Show é um longa extremamente bem coreografado, tudo é milimetricamente organizado em tela e muito bem trabalhado. Até mesmo a paleta de cores é um deleite aos olhos.

A trilha sonora é verdadeiramente incrível, pois apesar de ser uma trama que se passa em pleno século XIX, apresenta músicas atuais e animadoras, daquelas que dão vontade de sair dançando em plena sala de cinema. Confesso que a faixa “Never Enough” já entrou para a minha playlist de músicas românticas favoritas. Já a canção "This Is Me" está indicada ao Globo de Ouro e, muito provavelmente, estará no Oscar.

Outro ponto alto é o elenco. Que Hugh Jackman é extremamente talentoso cantando e dançando, todos sabemos, vide Os Miseráveis e o ano em que ele apresentou o Oscar, mas ainda assim, é sempre prazeroso vê-lo em tela. Além disso, a dedicação dele para com o filme é outra história encantadora (assista AQUI o vídeo do ensaio da canção “From Now On” e você vai entender do que eu estou falando). Mas a escolha dos atores foi muito além. Podemos ver o Zac Efron (High School Musical), que felizmente, depois de tantas decepções, fez uma boa escolha de papel; Zendaya (Homem-Aranha: De Volta ao Lar), que fez aulas de circo para representar a trapezista Anne Wheeler e claro, Keala Settle (Rick and the Flash: De Volta Para Casa), que é um dos grandes destaques e canta a música tema.

Foto: Fox Film do Brasil

O musical também possui uma ótima mixagem de som, produção e fotografia. Se há algo de negativo, fica por conta dos efeitos especiais aplicados nos animais, que ficaram um pouco “falsos demais”, por assim dizer, mas ainda assim uma escolha muito melhor do que utilizar animais de verdade.

Sim, há muito pouco da história real de P.T. Barnum em O Rei do Show, mas nada do que ele vendeu durante toda a sua vida foi verdadeiro. Ele vendeu entretenimento e é isso que ganhamos indo ao cinema e assistindo ao filme. No fim das contas é o que queremos, não é mesmo?

Ótimo

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