CRÍTICA | Chacrinha: O Velho Guerreiro


Direção: Andrucha Waddington
Roteiro: Cláudio Paiva
Elenco: Stepan Nercessian, Eduardo Sterblitch, Gianne Albertoni, Carla Ribas, Karen Junqueira, entre outros
Origem: Brasil
Ano: 2018


Narrar a trajetória de um dos maiores nomes da comunicação brasileira não é uma tarefa das mais fáceis, ainda mais em se tratando de José Abelardo Barbosa de Medeiros, mais conhecido como Chacrinha, personalidade que alegrou as tardes de sábado na TV, utilizando seus famosos bordões como "quem não se comunica, se trumbica", "eu vim para confundir e não para explicar" e "hoje tem bacalhau". Sem mencionar ainda sua notável carreira no rádio, Abelardo Barbosa protagonizou momentos marcantes, alguns deles retratados em Chacrinha: O Velho Guerreiro, longa-metragem dirigido por Andrucha Waddington (Sob Pressão).

Somos apresentados a carreira do apresentador desde a sua juventude, quando resolveu tentar a sorte no Rio de Janeiro após abandonar a faculdade de medicina e conseguir seu primeiro emprego na Rádio Clube de Niterói, que originou o nome "Chacrinha".

Quem dá vida ao personagem enquanto jovem é Eduardo Sterblitch (Os Penetras), que se mostra confortável no papel, principalmente por representar a face mais cômica do comunicador, ainda que consiga transmitir seriedade em momentos importantes, como no desentendimento que tem com a mãe durante o divórcio de seus pais, ou nos breves entreveros com os executivos da Rádio Tamoio, que rivalizava com seu programa, apresentando atrações similares. Na segunda etapa de sua vida, o protagonista é interpretado por Stepan Nercessian (Um Suburbano Sortudo), aí sim consolidado em sua profissão, em seu auge enquanto apresentador da Rede Globo. O filme também retrata sua saída conturbada do canal, bem como a retomada de sua carreira. com uma breve passagem pela TV Bandeirantes, as viagens da Caravana do Chacrinha, até seu retorno à Globo.

Foto: Suzanna Tierrie

O roteiro de Cláudio Paiva (O Bem Amado) é feliz ao abordar não apenas a personalidade de Abelardo Barbosa enquanto comunicador, mas também o homem comum, extrovertido, ousado e de personalidade forte. Enxergamos um outro lado de Chacrinha, da proteção para com as suas "chacretes", à exigência de escolha dos gêneros musicais a serem executados em seus programas, não admitindo ser contrariado.

O equilíbrio entre drama e comédia funciona, além disso, a reprodução de época é eficiente, fazendo com que o espectador passeie entre as décadas de 40 e 70, do sucesso do rádio ao crescimento do personagem na televisão.

No elenco também está Carla Ribas (Aquarius) que interpreta Florinda, esposa de Chacrinha. Ela é a força-motriz da família, a pessoa que consegue segurar as pontas nos momentos de ausência do marido e durante o acidente sofrido pelo filho Nanato. O núcleo familiar ganha contornos importantes na trajetória do protagonista, que sempre valorizou a família, mesmo distante. Além disso, personalidades como Clara Nunes (Laila Garin) e Elke Maravilha (Gianne Albertoni) também são retratadas como figuras que marcaram época no Cassino do Chacrinha, não apenas por suas carreiras, mas também pelos boatos de envolvimento amoroso com o apresentador.

Foto: Suzanna Tierrie

Falar da vida de Abelardo Barbosa é também retratar boa parte da história do rádio e da televisão brasileira. Chacrinha: O Velho Guerreiro se mostra uma homenagem digna, tamanha a importância desse ícone da comunicação. Um homem que marcou a vida de muita gente, e, por esse motivo, alcançou tamanho patamar.

Excelente

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