CRÍTICA | O Peso do Passado


Foto: Karyn Kusama
Roteiro: Phil Hay e Matt Manfredi
Elenco: Nicole Kidman, Toby Kebbell, Tatiana Maslany, Sebastian Stan, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2018


Sempre que é lançado suspense policial, a expectativa é a de que a obra ofereça não apenas emoção, mas uma narrativa de intensidade, que traga impacto ao espectador. O Peso do Passado (Destroyer), novo filme da diretora Karyn Kusama (Garota Infernal) tenta ousar, apostando em uma Nicole Kidman (Os Outros) de visual deteriorado e pálido como protagonista, mas tem dificuldade em ir além de apenas mostrar uma atriz de grande alcance transformada fisicamente.

Erin Bell (Kidman) é uma policial que passou por um grande trauma quando esteve infiltrada em uma operação que deu errado, deparando-se mais tarde com evidências de que o assassino que fora investigado por ela está de volta à ativa e presente na cidade. Na medida em que ela busca novas evidências do caso, seu cérebro entra em colapso ao ter várias lembranças simultâneas do que vivenciou, sem conseguir se desvencilhar. Sua luta é incessante e complicadíssima, visto que já teve problemas com alcoolismo e depressão e agora convive com lembranças sombrias do passado, que se transformam em ameaças reais a sua vida.

O roteiro pouco inspirado de Phil Hay (Policial em Apuros) e Matt Manfredi (Fúria de Titãs) abusa do recurso de flashbacks, insistindo em colocar a protagonista transitando entre uma linha temporal e outra. A trama não se desenvolve e as soluções dos conflitos são para lá de triviais. Se há algo que motive o espectador, é a relação difícil de Erin com a filha Shelby (Jade Pettyjohn). A mãe, apesar de todos os defeitos e problemas enfrentados, tem a preocupação genuína de evitar que a jovem trilhe o mesmo caminho. Já os vilões, DiFranco (Bradley Whitford) e Silas (Toby Kebbell), soam rasos e previsíveis demais, sem oferecer resistência a personagem central.

Foto: Diamond Films

A escolha por planos fechados e a câmera próxima ao rosto de Erin foram tomadas com a clara intenção de trazer mais tensão para a narrativa, mas tal recurso funciona brevemente, pois faltaram elementos que movimentassem a trama, proporcionando um clímax que justificasse todos os tormentos vividos por Erin. Faltam justificativas para que o espectador seja fisgado para a tela, ficando a sensação de que se trata de um longa já visto antes.

A atuação de Nicole Kidman soa apenas burocrática, já que a atriz é prejudicada pelo roteiro pobre, que não permite que ela vá além da policial alucinada e desnorteada. O visual feio e desgastado proporcionado pela maquiagem até chama a atenção do público, mas nada além disso. Sua protagonista passa por uma transformação física, mas sua vida não tem reviravoltas e nem há indicações de que um fato novo possa surgir para fazê-la tomar outro rumo.

O Peso do Passado soa apenas decepcionante, especialmente se levarmos em conta que se especulava que Kidman pudesse concorrer ao seu segundo Oscar, algo que dificilmente irá acontecer, por mais que o maior problema aqui não seja exatamente ela.

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