CRÍTICA | Fyre

Direção: Chris Smith
Elenco: Billy McFarland, Jason Bell, Gabrielle Bluestone, Ja Rule, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2019


Ao assistir alguma obra, independentemente de seu gênero, sempre se busca o viés social ou críticas políticas dentro de seu contexto. Quando encontramos uma burguesia privilegiada tendo sucesso em diversos aspectos, ficamos incomodados e consideramos ela toda como uma antagonista a história. Em Fyre temos uma inversão de valores, pois soam prazerosas as desgraças contínuas que acontecem em ambas as partes. Apesar disso, parte importante de todo o processo te deixa com peso na consciência.

O documentário narra a história de Billy McFarland, um empresário de grande potencial no mercado que, junto de seu sócio - o rapper Ja Rule - tem a ideia de produzir uma super festa, talvez a maior de todas, localizada em uma ilha paradisíaca.

Confesso que se eu não conhecesse os bastidores da produção, ficaria encantado com a maneira que a apresentação do evento foi criada. Sabe quando você assiste ao trailer de um filme aguardado, e quando vai ao cinema assistir, era melhor ter ficado em casa? A tal festa se resume a algo bem parecido.

Foto: Netflix

Através de modelos e influenciadoras digitais mais bem pagas do mundo, a divulgação começou pelas redes sociais, criando uma curiosidade instantânea nas pessoas, bem como uma euforia nos idealizadores do evento. Com os preparativos da festa em andamento, já se notava pendências e dúvidas sobre aquilo que viria a ser construído. A quantidade de dinheiro empregado por McFarland era astronômica e, mesmo assim, quase nenhuma das ideias saía do papel. Com o passar do tempo percebeu-se que o evento poderia não acontecer. O problema é que a data de realização estava se aproximando e todos os ingressos haviam sido vendidos.

O diretor Chris Smith (Jim & Andy: The Great Beyond) é eficiente em trabalhar os relatos de bastidores que tem em mãos, detalhando praticamente tudo que aconteceu na ocasião. O que é difícil de entender, é como as pessoas não perceberam que as chances de tudo dar errado era grande e que tudo que cercava Billy era uma mentira.

Como disse antes, ver que a burguesia havia caído em uma grande farsa foi de um sentimento ímpar, apesar de não me orgulhar disso. Foi o encontro de dois sociopatas. De um lado McFarland, com suas exigências e esperanças de realizar um evento desse porte, de outro os convidados, que gastaram milhões para estarem ali presentes. Evidentemente se vê o desespero das pessoas ao chegarem no local desconhecido e tudo acaba virando um grande problema judicial.

Foto: Netflix

Ao terminar de assistir Fyre e analisando friamente meus pensamentos, se tornou impossível ter qualquer sentimento de alegria com a situação. McFarland contratou a maioria dos trabalhadores de um vilarejo nas Bahamas, os quais trabalhavam horas a fio sem qualquer descanso, às vezes até sem alimento. No fim, não receberam um centavo por tudo o que fizeram, e isso é de cortar o coração. Um documentário que se arrasta até seu clímax e vende a imagem da desgraça alheia.

Bom


Rafael Oliveira é apaixonado por Breaking Bad e The Leftovers. Atualmente reverenciando tudo que Alfonso Cuarón faz. Segue ele no Letterboxd!

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