7 filmes para aprender sobre o fascismo e seu impacto na sociedade


O cinema é educador. A gente pode até não perceber, mas aprendemos lições valiosas quando assistimos a um bom filme. Há até quem diga que o cinema forma caráter. E não duvido que o meu, em grande parte, tenha sido formado pela sétima arte. Muitas vezes as obras cinematográficas conversam com a gente de forma inimaginável e quando assistimos histórias que, invariavelmente estão presentes em nosso cotidiano, a conexão é ainda maior, seja para o bem ou para o mal.

Quando voltamos o olhar para o nosso país, enxergamos uma sociedade dividida, polarizada, defendendo seus posicionamentos com unhas e dentes. E se pensarmos bem, não há mal nisso. Se posicionar é importante, especialmente quando temos argumentos para tal. O que não é aceitável é o extremismo, a intolerância, o ódio, e tudo que se origina desse sentimento. Isso não podemos tolerar.

Dito isso, listarei aqui 7 filmes que abordam o fascismo e os impactos causados na sociedade de maneiras diferentes. Todas elas chocantes e educadoras, mesmo que não notemos a princípio. Nessa lista não tratarei de temas como o holocausto, por exemplo, pois já fiz uma lista de 5 grandes filmes sobre o tema no passado (para conferir clique AQUI). Vamos lá?



Tolerância Zero
(The Believer, 2001)


Protagonizado por um Ryan Gosling (O Primeiro Homem) em início de carreira, Tolerância Zero conta a história de um jovem anti-semita que passa a frequentar grupos que pregam a intolerância e os preceitos fascistas disseminados por ditadores do passado. Com o tempo o rapaz passa a se tornar influente no círculo neonazista de sua cidade, mas alguns eventos o fazem entrar em conflito consigo mesmo, quando passa a reviver memórias de quando estudou em um colégio judaico.

Um filme que impacta ao mostrar claramente o quanto o mergulho na intolerância pode cegar uma pessoa, especialmente quando falamos de alguém jovem, com sua personalidade em formação.


O Triunfo da Vontade
(Triumph des Willens, 1935)


O Triunfo da Vontade é um registro histórico tão importante quanto estarrecedor. Trata-se de um documentário encomendado pelo partido nazista alemão em 1934, que serviu como uma impactante peça de propaganda para o regime fascista empregado por Adolf Hitler, retratando com imponência e barbárie todos os seus feitos até ali. As cenas em que o ditador discursa para milhares de soldados alemães é aterrorizante e certamente serviu de referência para Star Wars: O Despertar da Força, quando o General Hux (Domhnall Gleeson) discursa para o exército da Primeira Ordem.   

Assistir esse documentário hoje em dia é simplesmente assustador, por sabermos que não se trata de uma ficção. Aquilo aconteceu. Foi real. E as consequências gravíssimas. Precisamos aprender com o passado para que coisas assim não voltem a acontecer.


A Outra História Americana
(American History X, 1998)


Aqui temos talvez o papel mais marcante da carreira de Edward Norton (Ilha dos Cachorros), tamanha a sua transformação física e psicológica. Em A Outra História Americana vemos de forma chocante  e triste até onde a intolerância e o preconceito pode legar alguém, quando somos inseridos no meio de conflitos da segregação racial norte-americana. O protagonista, que traz tatuado em seu peito a suástica nazista, é um líder de uma violenta gangue racista que acaba preso após matar um homem  negro na rua de sua casa. Na prisão, afastado de seus seguidores, ele passa da condição de opressor para oprimido, e apenas um detento lhe estende a mão. Justamente alguém de pele negra.

Não revelarei o desfecho do filme aqui, mas trata-se de uma das maiores lições de como o extremismo e a intolerância não levam a lugar algum.


A Onda
(Die Welle, 2008)


A Onda é uma carta marcada nessa lista, mas, como todo bom clichê, é também indispensável. Trata-se de um filme alemão de 2008, baseado em uma história real ocorrida na Califórnia em 1967, onde um professor de ensino médio precisa ensinar seus alunos sobre autocracia. Notando o desinteresse da turma, o educador propõe um experimento que mostra na prática como funciona os mecanismos de um regime fascista, batizando-o de "A Onda". Em muito pouco tempo os alunos da turma começam a propagar o poder da unidade dentro da escola, ameaçando outras turmas. Dali a prática passou para as ruas e aos poucos se perdeu o controle. Temendo o resultado do experimento o professor decide interrompê-lo, mas já é tarde demais.

Esse provavelmente é o filme mais importante dessa lista quando falamos da realidade brasileira atual.


Roma, Cidade Aberta
(Roma, città aperta, 1945)


Roma, Cidade Aberta é um dos principais exemplares do neo-realismo italiano, um movimento cultural cinematográfico que surgiu na Itália no fim da segunda guerra mundial. Trata-se de uma espécie de documento histórico da libertação de um regime fascista, protagonizado quase que na totalidade por atores amadores em cenários reais. Quando aqui vemos uma casa destruída em uma cena, não se trata de um cenário planejado. Estamos diante de locais reais, que foram bombardeados durante o conflito. Vemos ali retratado o sofrimento de um povo recém liberto, ficando a sensação desoladora de que não deve ser nada fácil reerguer uma sociedade dominada por um regime totalitário. E realmente não foi.


V de Vingança
(V for Vendetta, 2005)


V de Vingança talvez seja o exemplar mais "leve", por assim dizer, dessa lista. Digo isso pois trata-se de um longa-metragem baseado em uma obra ficcional, ainda que sua origem nos quadrinhos seja totalmente baseada em regimes fascistas reais.

A obra retrata um futuro distópico no Reino Unido, numa Londres dominada por um partido totalitário que ascendeu ao poder após uma guerra nuclear e que exerce uma espécie de ditadura no país, onde as minorias raciais e sexuais são preteridas e tratadas de forma semelhante ao holocausto, o partido tem o controle da mídia e o povo, complacente, é monitorado através de sistemas de câmeras e toques de recolher. Dentro desse contexto surge "V" (Hugo Weaving), um anarquista que possui grande conhecimento e recursos, que elabora um plano para derrubar o Estado através de atentados contra o partido totalitário e a propagação de uma ideia junto a população, na tentativa de tirá-los do "sono profundo" em que se encontram.

O tipo de filme que valida o primeiro paragrafo desse post. O cinema educa. Mesmo o de ficção.


O Grande Ditador
(The Great Dictator, 1940)


Escolhi O Grande Ditador para encerrar essa post por motivos óbvios. A obra-prima do mestre Charles Chaplin (Luzes da Cidade) é um sopro de esperança para quem acredita que é possível resistir ao totalitarismo. Da trama todos já sabem, Chaplin vive um barbeiro judeu que acaba confundido por sua semelhança com um ditador inspirado claramente em Hitler. No papel do tirano ele retrata cenas inesquecíveis como aquela em que brinca com o mundo, literalmente. Nenhuma tão impactante quanto seu discurso final, é verdade.

Inspirador e atual. Inesquecível e genial. Até hoje. Para assistir clique AQUI.

E até a próxima lista!

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