CRÍTICA | Alita: Anjo de Combate


Direção: Robert Rodriguez
Roteiro: Robert Rodriguez, James Cameron e Laeta Kalogridis
Elenco: Rosa Salazar, Christoph Waltz, Jennifer Connelly, Mahershala Ali, entre outros
Origem: Canadá / Argentina / EUA
Ano: 2019

O trabalho de adaptação de uma obra literária para o cinema requer um bom planejamento e uma série de estratégias para dar certo, desde a história a ser contada até a montagem e os recursos especiais a serem empregados. Funciona como um tabuleiro de xadrez, e o manuseio errôneo de uma das peças pode colocar tudo a perder. Hollywood tentou recentemente adaptar o famoso mangá Ghost in the Sheel para as telonas, mas o resultado foi desastroso, não necessariamente por conta da escolha dos protagonistas e das acusações de whitewhashing, mas pelo fraco roteiro e personagens superficiais. Agora, nos deparamos com uma nova adaptação do gênero, desta vez produzida pelo aclamado James Cameron (Titanic) e dirigida por Robert Rodriguez (Sin City: A Cidade do Pecado).

Alita: Anjo de Combate (Alita: Battle Angel) é inspirado no mangá cyberpunk “Battle Angel Alita”, de autoria de Yukito Kishiro, lançado originalmente em 1991 e publicado pela primeira vez no Brasil em 2002. A narrativa mostra o doutor Ido (Christoph Waltz) em busca de peças em uma lixão na Cidade do Ferro, quando se depara com um busto robótico plenamente funcional. Ele leva a máquina para seu laboratório e dá a ela um novo corpo. Ao acordar, Alita (Rosa Salazar), a menina ciborgue, testa suas novas capacidades motoras, mas sofre de um grave problema, não faz ideia de quem ela é. Enquanto busca informações sobre seu passado, trabalha como caçadora de recompensas e descobre um interesse amoroso.

Foto: Fox Film do Brasil

O longa aposta em uma autêntica ambientação cyberpunk, com uma estética refinada de um mundo futurístico, valorizada por ótimos efeitos digitais. Soma-se a isso a caracterização dos personagens, que são uma mescla de humanos e máquinas, sempre prezando pela verossimilhança. Lembrar de obras como Blade Runner: O Caçador de Androides (1982) e Matrix (1999) é inevitável, especialmente pela escolha da paleta de cores e da fotografia característica.

Outro ponto a se destacar são as cenas de ação, com embates marciais bem coreografados e ritmados, com agressões das mais simples até a mais gore, o que sustenta o filme em boa parte de seus 122 minutos de duração.

Apesar dos acertos técnicos, Alita: Anjo de Combate não consegue desenvolver de forma competente boa parte dos arcos narrativos de seus personagens, o que é uma pena, tendo em vista o ótimo elenco presente. O ótimo Mahershala Ali (Green Book: O Guia), por exemplo, acaba desperdiçado como um vilão que mal aparece em cena, funcionando quase que como peça decorativa de luxo. Rosa Salazar (Maze Runner: A Cura Mortal), por sua vez, dá vida à personagem-título com energia e carisma, demonstrando perfeita habilidade nas cenas de ação e ganhando o espectador. Já Christoph Waltz (Django Livre) representa bem o cientista sedento por conhecimento e novas descobertas, se torna um importante aliado da protagonista.

Foto: Fox Film do Brasil

Entre altos e baixos, o saldo final de Alita: Anjo de Combate é positivo, especialmente para quem é fã de mundos distópicos e universos cyberpunk nov, provando que Robert Rodriguez ainda tem lenha para queimar no cinema blockbuster.

Bom

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