CRÍTICA | Pura Adrenalina

Direção: Wes Anderson
Roteiro: Wes Anderson e Owen Wilson
Elenco: Luke Wilson, Owen Wilson, Robert Musgrave, entre outros
Origem: EUA
Ano: 1996


Todo grande diretor precisa começar de alguma forma, e se hoje Wes Anderson (O Grande Hotel Budapeste) é um dos grandes nomes do cinema, sendo dono de uma estética e estilos próprios, tudo começou com seu primeiro trabalho, Pura Adrenalina (Bottle Rocket). Um começo bem modesto para uma mente tão brilhante.

O longa retrata a história de três amigos. Anthony (Luke Wilson), após um período em um hospital psiquiátrico, se junta a Dignan (Owen Wilson) para um plano insano que envolve uma série de crimes. Juntos eles recrutam o vizinho Bob (Robert Musgrave) e partem rumo ao seu objetivo, no entanto, a completa inexperiência e os danos emocionais (e psiquiátricos) dos três acabam por colocá-los em uma série de situações cômicas e desastrosas.

A sinopse já nos dá a ideia de um filme bem “Sessão da Tarde”, que é basicamente o que ele é. Afinal, estamos falando de uma produção do fim dos anos 1990. E apesar da estreia modesta, a obra dá um vislumbre do estilo que Anderson estabeleceria nos anos a seguir: cortes de câmera específicos, enquadramentos, cores vivas, leves detalhes na fotografia, entre outros. Tudo está lá, de forma discreta.

Foto: Sony Pictures

Apesar da descrição, não é só aí que Pura Adrenalina deixa a desejar. O roteiro escrito pelo próprio Anderson ao lado de Owen Wilson (Extraordinário) também não agrada. Não há grande desenvolvimento narrativo e a trama em si não é tão atrativa, já que pouco acontece em tela. Apenas acompanhamos as andanças e constantes voltas dos protagonistas.

Evidentemente é possível entender as escolhas do cineasta. Além de iniciante, Anderson parece querer visar a narrativa mais crua, afinal seus personagens são medíocres em essência, carregando consigo uma série de questionamentos sobre si mesmos, sobre suas posições na sociedade, na família e em relação àqueles que fazem parte do seu círculo social. Essa foi, portanto, a forma que escolheu para contar sua história.

E verdade seja dita, tais escolhas tiveram um preço para Pura Adrenalina, já que na época de seu lançamento acabou sendo um fracasso de bilheteria, arrecadando pouco mais de 500 mil dólares, numa produção que custou 7 milhões. Contudo, o choque inicial pode ter sido a razão para Wes Anderson reinventar sua assinatura, abandonando a simplicidade e abraçando a criatividade exacerbada. Ainda que nenhum de seus filmes sejam verdadeiros sucessos de bilheteria.

Em resumo, Pura Adrenalina vale especialmente para vermos o lançamento de um grande diretor, seu ponto de partida. Se você embarcar sem esperar grande coisa, talvez se divirta, mas o fato é que a obra não é muito lembrada hoje em dia.

Foto: Sony Pictures


Bom

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