CRÍTICA | Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida

Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Lawrence Kasdan
Elenco: Harrison Ford, Karen Allen, Paul Freeman, John Rhys-Davies, Denholm Elliott, entre outros
Origem: EUA
Ano: 1981


Em 1981, Steven Spielberg (Contatos Imediatos do Terceiro Grau) e George Lucas (Star Wars: Uma Nova Esperança), dois dos maiores ícones da indústria cinematográfica, lançaram o primeiro filme do que viria a ser uma das mais famosas e amadas franquias do cinema de aventura de todos os tempos: Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida (Raiders of the Lost Ark). Embora alguns de seus efeitos especiais sejam hoje um pouco datados, graças ao roteiro, trilha sonora, edição e atuações incríveis, o longa permanece idolatrado por cinéfilos de todas as gerações. 

A obra começa com um prólogo de Indiana Jones (Harrison Ford) na selva do Peru. Depois de ultrapassar uma série de empecilhos para encontrar um objeto arqueológico valioso, o herói é derrotado por um mercenário, Dr. René Belloq (Paul Freeman), que rouba o ídolo dourado de suas mãos e dá voz de comando para que os nativos o matem. Sem ter o que fazer, o herói corre para fugir das flechas dos selvagens e alcançar um parceiro, que o aguarda no aeroplano que os levará de volta para a civilização. Já no ar, Indy toma um susto quando percebe que uma cobra é sua companheira de viagem.

Essa sequência inicial é uma aula de roteiro de Lawrence Kazdan (Star Wars: O Império Contra-Ataca). Nela, somos introduzidos ao protagonista, sua paixão pela arqueologia, seu arqui-inimigo e ao seu medo de cobras. Além disso, essa abertura é fundamental para estabelecer que, apesar de possuir algumas características de herói, Indiana Jones é um homem ordinário, cujas habilidades não advém de poderes mágicos, mas do conhecimento acadêmico e, claro da destreza para usar um chicote e manter um chapéu consigo todo o tempo.

Foto: Lucasfilm

Da próxima vez que aparece, Indiana não é mais o aventureiro e sim Dr. Jones, professor universitário, cuja sala de aula é repleta de jovens mais interessadas no mestre que em sua disciplina. Porém, o herói não parece perder tempo com romance. Aliás, como ficará claro mais de uma vez na trama, Indy é capaz de largar a mulher amada nas mãos de bandidos sem pestanejar, pois, em sua lógica, o mais importante é sempre a descoberta arqueológica. 

Ambientado em 1936, a trama de Os Caçadores da Arca Perdida começa quando o protagonista recebe a visita de dois agentes secretos norte-americanos que perguntam ao professor se ele sabe a razão de os nazistas trabalharem com seu antigo mentor, Abner Ravenwood. Indy explica aos oficiais que Ravenwood é especialista na civilização de Tanis, cidade egípcia, e detém um artefato valioso, deduzindo que a expedição nazista pretende encontrar nada mais nada menos que a Arca da Aliança. 

Objeto sagrado dos judeus, a arca simbolizava a aliança de Deus com o seu povo e, segundo a bíblia, foi onde Moisés guardou as tábuas dos dez mandamentos. Mais que um artefato religioso, todavia, a arca servia como arma de guerra do exército israelense. De acordo com as escrituras, ela tinha poderes sobrenaturais e conferia invencibilidade aos judeus. Logo, o fascínio gerado em torno desse objeto e o desejo de Hitler em o encontrar. 

Cabe a Indy encontrar a arca antes dos adversários e trazê-la para o cuidado dos EUA. Para isso, ele vai ao Nepal, onde seu antigo mestre reside. Lá ele descobre que Ravenwood morreu e que o artefato está agora nas mãos de sua filha Marion (Karen Allen). Apesar de odiar Indy por tê-la abandonado no passado, a jovem decide ajudá-lo após quase perder a vida e ter sua taverna trucidada pelos alemães. 

É interessante ressaltar que Marion não é a típica mocinha indefesa dos filmes de aventura. Pelo contrário, logo na primeira cena em que aparece, ela disputa com um grandalhão para ver quem consegue beber mais doses. Embora Indiana seja claramente o herói da trama, ela é personagem complementar a ele, e mesmo que sua captura o torne mais suscetível aos nazistas, sua presença nunca o atrapalha. 

Foto: Lucasfilm

Muito bem amarrada, a trama de Os Caçadores da Arca Perdida restaura, à medida em que se desenvolve, tudo aquilo que o prólogo apresentou. No Egito, Indy descobre que é Belloq o arqueólogo chefe da expedição alemã e para sobreviver precisa enfrentar seu medo de cobras e fugir da armadilha em que o inimigo o tranca. É também sua paixão pela arqueologia que o impede de exterminar os nazistas quando estes carregam a arca.

Talvez ainda mais icônica que o roteiro seja a trilha sonora de John Williams (Tubarão). A melodia de Indiana Jones é inesquecível e um chamado inconfundível à aventura. Mesmo aqueles que não gostam da saga reconhecem seu tema ao escutar as primeiras notas. 

Indicado a 9 Oscars, a produção levou pra casa 5 estatuetas, dentre elas a de melhor edição. Não é à toa. O trabalho primoroso de Richard Edlund, Kit West, Bruce Nicholson e Joe Johnston fazem com que o público assista a cenas de ação espetaculares, vivenciando momentos de tensão e alívio cômicos na medida certa.

Clássico e atemporal, Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida é daqueles filmes que carrego comigo desde criança. Daqueles que assisto pelo menos uma vez por ano e não resisto quando está passando na TV, seja na versão dublada (como vi pela primeira vez) ou na original. 

Excelente



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Lívia Campos de Menezes é apaixonada por filmes, séries e boa música (leia-se rock'n'roll). Adora ler e viajar. Mora em São Francisco (CA), onde trabalha como produtora de cinema independente.

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