The Walking Dead 5x10 | Them



Você não vale nada, mas eu gosto de você. É assim que me sinto assistindo The Walking Dead. Após o decepcionante episódio da semana passada, a série parece andar em círculos, revivendo situações e experiências que já vimos antes, variando com um ou outro personagem diferente. No entanto, quando a série se propõe a entregar algo a mais, ela mostra que ainda há potencial a ser explorado. É preciso, portanto, sair da zona de conforto.

Durante boa parte do episódio me vi incomodado no sofá, querendo que a hora passasse rápido, pois o marasmo estava terrível. É evidente que o luto de alguns personagens precisaria ser sentido aqui, mas esperava abordagens diferentes. Sasha, por exemplo, assumiu a mesma postura do irmão quando perdeu a amada, agindo de forma quase irracional, repelindo a todos e botando a segurança dos sobreviventes em risco. O tipo de atitude infantil que irrita qualquer espectador.

Maggie, por sua vez, teve algumas cenas interessantes, especialmente quando finalmente vimos Glenn interagindo com ela, esse sim, em constante evolução no seriado. Já Daryl segue sendo o "tuff guy", segurando suas emoções até onde pode, para desabar sozinho ao fumar seu cigarro, afastado de todos. Foram poucos os momentos empolgantes nessa primeira metade, mas vale destacar a nova maneira de se matar walkers: a ginga de corpo.


O curioso é que a partir da cena em que começa a chover - algo que soou quase como um milagre perante o desespero em que os sobreviventes se encontravam -, o episódio assume outra direção, em todos os sentidos.

Confinados no celeiro para se protegerem da tempestade que se aproxima, Rick faz um discurso a beira da fogueira, realizando uma interessante analogia sobre a realidade atual em que vivem e o fato de que talvez eles próprios sejam os "mortos que caminham", algo que irrita Daryl profundamente, recusando-se a acreditar no que ouve. Logo em seguida, dezenas de walkers tentam atravessar a entrada do celeiro, e todos os sobreviventes se unem para manter a porta no lugar, numa cena de pura rima visual com o discurso do xerife. Vale citar a bela fotografia nas sombras, permitindo que a única luz presente no recinto seja a dos trovões, que entra pelas frestas das madeiras.

Encerrando com um belo plano ao por do sol de Maggie e Sasha apontando suas pistolas para o homem desconhecido que surgiu (não faço ideia de quem seja), fica a certeza de que, quando quer, The Walking Dead sabe mostrar primor técnico e diálogos que nos fazem refletir. O que decepciona é a sensação de que a série nem sempre está disposta a isso, acomodando-se nos índices de audiência que costumam ser favoráveis semanalmente.


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