CRÍTICA | A Torre Negra

Direção: Nikolaj Arcel
Roteiro: Anders Thomas Jensen e Akiva Goldsman
Elenco: Idris Elba, Matthew McConaughey, Tom Taylor, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2017


Em A Torre Negra acompanhamos Jake (Tom Taylor), um jovem garoto que tem pesadelos horripilantes onde outros jovens são caçados e aprisionados pelo Homem de Preto (Matthew McConaughey). Ele também sonha com a destruição de uma enorme torre que mantém aquele universo protegido. No mundo real, sua mãe assimila tais disturbios à morte prematura do pai do garoto e, como resultado, ele passa por sessões de terapia afim de “tratar” esse suposto trauma. Porém, quando percebe que, na verdade, os sonhos são mais reais que imaginava, a busca pelo Pistoleiro (Idris Elba) começa, já que trata-se da única pessoa de confiança que poderá ajudá-lo a combater seu inimigo em comum.

Caso ainda não saiba, A Torre Negra é uma saga publicada por Stephen King (O Iluminado), um dos mais renomados autores de horror fantástico e ficção da nossa geração. Sua "franquia de livros" conta a história de Roland, o Pistoleiro, e sua luta contra o mal que é a figura do Homem de Preto, além de outras ameaças. O universo é explorado ao decorrer de oito volumes, e mais alguns outros contos sensoriais, entregando um backgroud robusto de histórias dessa trama que King cultivou por 33 anos de sua vida. A adaptação para o cinema, por sua vez, ficou à cargo de Nikolaj Arcel (O Amante da Rainha), que se considera um fanboy da saga e, assim como qualquer fã, queria ver essa história na grande tela.

Crédito: Sony Pictures

Bom, a adaptação aconteceu, mas não foi bem como esperávamos, especialmente se você for um fã árduo da franquia. Ao transferir as características de oito livros para um longa-metragem de uma hora e trinta minutos, o roteiro gera confusão e descaracterização da obra original, trazendo para as telas apenas um fantasma do que A Torre Negra, de fato, poderia ser. A narrativa é extremamente apressada e sequer preocupa-se em explicar devidamente os conceitos e conflitos da trama. O mesmo ocorre com a motivação dos personagens, que nunca soa convincente o bastante para que para nós, espectadores, simpatizemos com a causa de cada um. A sintetização fez com que tudo ficasse bem difícil de se processar.

O Pistoleiro é um bom exemplo da falta de profundidade do roteiro. O personagem é uma figura extremamente importante e respeitada naquele universo, porém não recebemos informações suficientes para entender e aceitar essa veneração, pois nem o significado de suas tradições são exploradas. A obra prefere focar na exibição das habilidades sobrenaturais de Roland, atirando de longas distancias e renegando o talento de Idris Elba (Star Trek: Sem Fronteiras).

O Homem de Preto, interpretado de forma bastante caricata por Matthew McConaughey (Interestelar) acaba funcionando um pouco melhor, muito em função do carisma do ator, ainda que o personagem soe apenas enigmático, quando na verdade deveria incitar terror nos personagens e, principalmente, no espectador.

Crédito: Sony Pictures

Por outro lado, Jake trabalha praticamente correndo para acompanhar o Pistoleiro e sua sede de vingança. Tom Taylor (The Last Kingdom) dá o seu melhor nas cenas dramáticas, que são deveras corridas e, digamos, até um pouco insensíveis, se levarmos em conta o teor de alguns acontecimentos. Mesmo assim o jovem ator consegue entregar consistência do inicio ao fim, uma vez que é o único favorecido no roteiro, em termos de motivação.

Arcel também se deu ao luxo de rechear sua obra de referências a vários trabalhos de King, o que fará qualquer espectador assíduo buscar cada detalhe. No entanto, no que diz respeito ao espectador casual, que não conhece a obra e que não tem as referencias necessárias para tal, pouco resta.

Uma pergunta é pertinente: A Torre Negra é um filme para fãs dos livros ou uma obra produzida para introduzir um universo a uma audiência muito maior? Infelizmente a resposta é: nenhum dos dois.

Regular

Se você quiser conferir a minha crítica em vídeo para o filme, segue abaixo:

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