CRÍTICA | Os Guardiões

Direção: Sarik Andreasyan
Roteiro: Andrey Gavrilov
Elenco: Anton Pampushnyy, Sanjar Madi, Sebastian Sisak, Alina Lanina, Valeriya Shkirando, entre outros
Origem: Rússia
Ano: 2017


Sabe quando você se empolga com o trailer de um filme com muita ação, explosões, adrenalina, elevando as expectativas? Acredito que muita gente havia se empolgado com a possibilidade de um filme de super-heróis russo, mas o fato é que Os Guardiões decepciona em sua proposta.

A tentativa do diretor Sarik Andreasyan (O Último Golpe) era emplacar ícones que pudessem "competir" com os personagens consagrados da DC Comics e da Marvel, no entanto, na prática, estão a anos-luz de distância.

O ponto de partida é um grupo de quatro pessoas que foram submetidas a experimentos e alterações genéticas durante durante a Guerra Fria, na extinta União Soviética, passando a ter superpoderes. Somos apresentados aos protagonistas: Ler (Sebastien Sisak), dotado de força colossal e a capacidade de lançar blocos de pedra contra seus inimigos; Khan (Sanzhar Madiyev), habilidoso em artes marciais e no manuseio de lâminas circulares bem afiadas; Kseniya (Alina Lanina), uma poderosa acrobata com poder de invisibilidade num simples contato com a água; e Arsus (Anton Pampushnyy), um lutador que se transforma em urso, sempre com uma metralhadora giratória na mão.

Crédito: Paris Filmes

Eles então se juntam e formam o quarteto Patriotas, na importante e difícil missão de deter August Kuratov (Stanislav Shirin), um general que possui uma poderosa máquina de clones e está disposto a dominar Moscou e controlar o mundo. Toda essa informação é passada no primeiro ato da trama, que passa a impressão de você já ter assistido histórias parecidas antes, visto que as características semelhantes, inevitavelmente, remetem a filmes norte-americanos que não fizeram tanto sucesso de crítica, como, por exemplo, Quarteto Fantástico e Esquadrão Suicida.

O roteiro adota uma premissa bastante clichê, sem trazer novidades ao espectador. Além disso, a baixa quantidade de diálogos mostra-se um problema grave, pois quando acontecem, não passam de conversas rasas e genéricas. O filme basicamente é movido pelos cenários, pelas pancadarias e pelos efeitos visuais. Tudo é muito rápido, o público não tem tempo de respirar e construir um envolvimento emocional com os personagens.

A duração do longa também traz prejuízo ao resultado final, uma vez que temos muitos conceitos apresentados para apenas 90 minutos. Fica a impressão de que tudo foi desenvolvido às pressas, cabendo à montagem a árdua tarefa de juntar todos os elementos. Uma produção do gênero, atualmente, exige uma apresentação minimamente bem estruturada para o público, algo que Os Guardiões não entrega. Todas as cenas de ação são previsíveis e não carregam o impacto  necessário.

Crédito: Paris Filmes

Mas nem só de tropeços vive a obra. As atuações são competentes, principalmente a do vilão, vivido por Stanislav Shirin, que traz uma persona caricata e de aparência bizarra, arrancando até algumas risadas do público, algo difícil para um antagonista. Já a trilha sonora surpreende, especialmente pela canção "Guardians", interpretada em inglês por Yuliya Tereshchenko, trazendo emoção e motivando o espectador a permanecer na história. 

Como o cinema russo não tem tantas estreias no circuito brasileiro, fica sempre a curiosidade e a expectativa em saber o que eles têm a apresentar. O intuito do diretor em querer trazer personagens que refletem as tradições e a força dos antigos povos da União Soviética é bastante louvável, desde que houvesse um roteiro capaz de construir uma história relevante.
O filme apresenta uma cena pós-crédito que abre portas para uma vindoura continuação. Se ela existir, esperamos um filme com mais recursos e uma produção satisfatória. O cinema russo merece e o público brasileiro também.

Bom

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