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Unknown
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“...’Morreu com dignidade’... o que significa isso?”
Perguntou o Dr. Carlo Antonini ao seu fiel escudeiro – o coveiro Severino - após ler a afirmativa numa lápide.
No requintado apartamento de Antonini, um dos artefatos decorativos é um boneco de tamanho humano, talhado em madeira. Durante vários episódios das temporadas anteriores, o inanimado ser é visto nas mais diversas posições e cômodos. Às vezes repousa no sofá, tal qual o paciente no divã. Às vezes fica sentado na poltrona, como quem lê um livro. Em sua primeira aparição nesta temporada, o boneco está sentado à mesa de jantar, fazendo companhia ao terapeuta, que acaba de descobrir a possibilidade de estar com um câncer no pulmão.
Pode ser apenas a sensibilidade e senso poético deste que vos fala, mas me parece que, diante de um Dr. Carlo totalmente desolado (apesar da quase-serena expressão facial – Emílio de Mello cada vez melhor no papel), o boneco parece, em sua quietude, dar mais consolo, amor e esperança ao seu ‘tutor’ do que qualquer outro personagem conseguiria na cena. Isto para mim se chama genialidade no roteiro, direção, concepção geral.
À época de seu lançamento, a imprensa foi enfática ao dizer que a terceira temporada de PSI viria como um soco no estômago do espectador acostumado com o ritmo e teor das temporadas anteriores. A notícia da doença coloca o psiquiatra não apenas numa situação de fragilidade física, mas também desencadeia um processo de questionamento acerca de sua trajetória pessoal e (principalmente) profissional.
Outro choque para os fãs mais apegados às origens da série é a ausência de Valentina. A personagem de Claudia Ohana deixa o cenário na clínica paulistana para abraçar um trabalho em uma ONG européia. A ex-esposa e enteados de Carlo também estão ausentes, e o filho Mark, que está em Paris, retorna apenas nos últimos capítulos, com a noiva, que protagoniza o quinto e último caso da temporada.
E por falar em casos, o formato desta terceira temporada também difere das anteriores. Antes tínhamos basicamente um caso por episódio. Desta vez temos cinco casos, ou melhor, cinco histórias, cada uma contada em duas partes de aproximadamente uma hora cada, totalizando dez episódios. Vamos a eles:
CASO 1 (episódios 1 e 2) | A AMIGA BELGA
CASO 2 (episódios 3 e 4) | AS DESCENDENTES
Denise (Denise Weinberg) e Antonieta (Clarisse Abujamra) são acumuladoras compulsivas. Denise frequenta a igreja, faz terapia e cuida da irmã doente. O passado familiar é trazido à tona nas sessões, mas será necessária uma investigação ainda mais profunda para entender o que acontece com essas solitárias mulheres. Para tal, Carlo contará com a chegada da psiquiatra Maria Clara (Liliana Castro) – que vem a ser uma espécie de substituta de Valentina - e com o velho amigo Padre Miguel (Marcelo Airoldi).
CASO 3 (episódios 5 e 6) | A FUGA

CASO 4 (episódios 7 e 8) | O CONTADOR
Arturo (Marat Descartes) é um homem solteiro que perdeu o pai a pouco tempo. Possui TOC e outros transtornos, dentre eles, um inesgotável sentimento de culpa, pelo que faz e pelo que deixa de fazer, principalmente nas situações que lhe proporcionam prazer. Arturo também acredita ser responsável pelo assassinato do pai de sua futura esposa. Destaque para a atuação de Marat Descartes, que esbanja empatia para com o personagem que lhe foi designado.
CASO 5 (episódios 9 e 10) | A HERANÇA

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Dividem a direção dos episódios: Max Calligharis, Rodrigo Meirelles, Tatá Amaral e Luciano Moura.
Uma das vantagens deste novo formato é que há mais tempo para a narrativa, desenvolvimento das histórias e abordagem de detalhes. Desta vez o foco está, definitivamente, nos pacientes, e não no terapeuta. Dr. Carlo está claramente mais emotivo nessa temporada, e isto o dificulta no entendimento de certos processos de seus pacientes. Ainda assim, temos a toda essência do Dr. Antonini ali: um profissional dedicado por natureza, ainda ávido por conhecimento e experiência e, apesar de seu ateísmo, fascinado pela vida e pela morte.
“A vida não tem sentido... por isto mesmo ela vale a pena” – Carlo Antonini.
Apesar de a morte ser o tema recorrente em toda esta temporada, espero que isto não signifique o fim da vida para PSI. A série pode não ter o triunfo comercial de outros pesos pesados no gênero (inclusive da própria emissora), mas parece ter sido do agrado de muitos que aqui estão, como eu, à espera do retorno do Dr. Antonini, para nossas deliciosas terapias de domingo à noite.
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Rodrigo Alves é músico, produtor musical, estudante de psicologia e (agora) colaborador neste site. Links para suas redes sociais: rodrigoalves.com
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