CRÍTICA | O Matador

Direção: Marcelo Galvão
Roteiro: Marcelo Galvão
Elenco: Diogo Morgado, Thaila Ayala, Maria de Medeiros, Mel Lisboa, entre outros
Origem: Brasil
Ano: 2017


O Matador, dirigido e roteirizado por Marcelo Galvão (Colegas), é o primeiro longa-metragem original brasileiro produzido pela Netflix. Merecia e poderia ter sido um grande início, mas alguns elementos atrapalharam o resultado final da obra.

A trama se passa entre as décadas de 1910 e 1940 e conta a história de Cabeleira (Diogo Morgado), homem criado por um cangaceiro chamado Sete Orelhas (Deto Montenegro) após ser encontrado no meio do sertão, abandonado. Com ele aprende a atirar e a ser o famigerado matador do título do filme. Já adulto, ele decide ir para a cidade para procurar por Sete Orelhas, que havia desaparecido, e acaba por encontrar um local completamente sem lei, liderado pelo tirano Monsieur Blanchard (Etienne Chicot), que outrora já foi empregador do homem que o criou.

O maior problema do longa é a sua narrativa confusa, recheado de narração em off e apresentações rápidas e simplista de diversos personagens. Além disso, não há nada de original em seu roteiro, pois tudo que verá aqui já foi feito em algum western do passado, gênero que serve de inspiração para a obra.

Foto: Pedro Saad / Netflix

Também incomoda a falta de destaque dada ao protagonista. Depois de conhecermos sua origem, Cabeleira praticamente desaparece da trama, surgindo em algumas cenas rápidas, tendo sua história resgatada apenas na conclusão do filme. Tal escolha faz com que o espectador se importe pouco com o personagem, tirando toda a profundidade que ele poderia e deveria nos passar. Apesar disso, Diogo Morgado (O Filho de Deus) está muito bem no papel, caracterizando um homem bruto, mas que também possui ternura quando segue os passos daquele que o criou, ao também cuidar de uma criança.

No que diz respeito a pós-produção, o uso da famosa "tela verde" é nítida em boa parte dos efeitos visuais, ainda que o recurso seja pouco utilizado no filme. São poucas cenas, como aquela em que o enquadramento destaca o rosto dos atores na corrida de cavalos, recurso clássico de muitos westerns, mas que infelizmente não convencem como deveriam, muito provavelmente pela falta de orçamento para o acabamento da ferramenta.

Por outro lado, a fotografia é lindíssima, ressaltando a beleza das locações e gerando verdadeiros retratos ao espectador. Já a trilha sonora composta por Ed Cortês (Cidade de Deus) se destaca com o tema principal intitulado “Olhai Por nós”, que pode ser ouvido logo no início do longa.

Foto: Pedro Saad / Netflix

No fim, apesar dos problemas, O Matador se mostra um bom filme, que vale a visita. É sempre importante e interessante acompanhar uma história que foca em momentos de nossa história e cultura, mesmo sendo ficcional, além disso, saber que há investimento em cinema acontecendo em nosso país. E que venham muito mais longas brasileiros produzidos pela Netflix, de todos os gêneros. História é o que não falta por aqui.

Bom

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