O Justiceiro | 1ª Temporada


"Quem vive no passado, morre para o futuro." - Ana Carolina

Essa frase parece ser a sina de Frank Castle, o Justiceiro. Um anti-herói como Wolverine, Castle foi criado na década de 70, por 3 pais: Gerry Conway, Ross Andru e John Romita. Sua estreia aconteceu na revista The Amazing Spider-Man #120, onde era antagonista do amigão da vizinhança. O personagem logo caiu nas graças da crítica e do público, o que lhe rendeu uma revista solo.

Sua origem é uma das mais trágicas do universo Marvel. Fuzileiro naval disciplinado, ele viu sua mulher e filhos serem brutalmente assassinados durante um tiroteio entre as principais máfias de Nova York. Disposto a fazer justiça com as próprias mãos, Frank jurou caçar e destruir todos eles, agora, como um lobo solitário, uma verdadeira máquina de matar, afim de erradicar o crime, mesmo utilizando de métodos controversos para tal fim. E se alguém decidir cruzar seu caminho inadvertidamente, receberá um destino pior que a morte.

O personagem já teve 3 adaptações para o cinema, uma delas retratando um de seus arcos mais famosos: O Justiceiro: Em Zona de Guerra (Punisher: War Zone, 2008). Infelizmente todas elas foram fracassos retumbantes. Então, em 2016, a segunda temporada de Demolidor nos apresentou novamente à Frank Castle, dessa vez vivido por Jon Bernthal (Em Ritmo de Fuga).

Foto: Jessica Miglio / Netflix

A primeira temporada de O Justiceiro (The Punisher) se passa após os eventos do segundo ano de Demolidor, com Frank ainda atrás dos responsáveis pelo assassinato de sua família. Uma vez que ele se considera vingado, começa a tentar reorganizar sua vida, arranjando até um emprego em uma obra. No entanto, o personagem continua sofrendo com os fantasmas do passado.

O primeiro episódio possui um arco narrativo fechado e bem resolvido, podendo funcionar isoladamente do restante da temporada tranquilamente, o que é bem interessante. Dali pra frente, o roteiro da série, como um todo, possui subtramas instigantes, mas que nunca são aprofundadas como poderiam ser. O tom da série é sério, com pouquíssimos momentos de humor, algo condizente com a natureza e a angústia do protagonista, algo que também é representado na fotografia, composta predominantemente da cor preta, por vezes, em contraste com o branco da luz do dia. Claramente remetendo as cores do anti-herói.

No que diz respeito a parte técnica, um ponto positivo são as cenas de ação, sempre muito bem coreografadas e dirigidas. A dor que os personagens sentem é real ao espectador, o sangue escorre como água. Quando há combate armado então, temos uma verdadeira e intensa zona de guerra.

Foto: David Giesbrecht / Netflix

O elenco também merece ser destacado. Jon Bernthal encarna um Frank Castle calado, controlado e muito amargurado, quando não está em ação. Quando é necessário agir, sua personalidade muda e ele se transforma em alguém ensandecido, um maníaco, pronto pra quebrar o que ou quem ousar se meter em seu caminho. Essa mudança repentina de temperamento é algo que Bernthal faz muito bem desde os tempos de The Walking Dead, provando que foi a escalação ideal para o papel.

Ben Barnes (Westworld), por sua vez, representa um vilão digno do universo Marvel. Frio, calculista e disposto a tudo, apesar de, inicialmente, parecer inocente. Ele logo se revela um dos maiores desafios do protagonista na temporada. Vale citar também o retorno de Deborah Ann Woll (True Blood) como Karen Page, uma figura já carimbada no universo de streaming da Marvel em parceria com a Netlflix.

Se teremos uma segunda temporada, ainda é incerto dizer. O certo é que O Justiceiro consegue surpreender, trazendo um sopro de vida a esse universo televisivo que precisava de algo diferente. Ainda assim, a Marvel / Netflix precisa saber dosar a quantidade de episódios de sua temporada, pois o padrão de 13 episódios de quase 1 hora, exige que muitas subtramas sejam estendidas além do necessário. Uma temporada mais concisa seria ainda mais atrativa.

Foto: Nicole Rivelli / Netflix

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