CRÍTICA | A Grande Jogada

Direção: Aaron Sorkin
Roteiro: Aaron Sorkin
Elenco: Jessica Chastain, Idris Elba, Kevin Costner, Michael Cera, Chris O'Dowd, entre outros
Origem: China / EUA / Canadá
Ano: 2017


Conhecido por seu talento em escrever roteiros com diálogos rápidos, verborrágicos e recheados de informações didáticas e reveladoras, Aaron Sorkin (Steve Jobs), roteirista agraciado com o Oscar em 2011 por A Rede Social, estreia na função de diretor nesse A Grande Jogada (Molly’s Game), longa-metragem baseado no livro Molly's Game: From Hollywood's Elite to Wall Street's Billionaire Boys Club, de autoria da própria Molly Bloom, ou a princesa do pôquer, como era conhecida.

A trama nos apresenta a história de Molly (Jessica Chastain), grande promessa do esqui estilo livre que se machuca durante preparação para as Olimpíadas de Inverno, lesionando a coluna seriamente. Após o incidente, ela tenta uma vida nova em Los Angeles e acaba se encantando pelo tentador, charmoso e perigoso mundo da jogatina, se tornando uma das maiores promotoras de jogos de pôquer nos Estados Unidos. Disposta a enriquecer rapidamente e ter todos a seus pés, Molly não hesita em utilizar todos as armas que tem nas mãos, utilizando até mesmo de sua sensualidade para atrair os jogadores mais poderosos. Com o negócio cada vez mais lucrativo, ela acaba esbarrando nas autoridades e até mesmo na máfia russa, num caminho tortuoso e complexo, tornando sua situação bastante delicada e fazendo-a contratar um dos melhores advogados da região, Charlie Jaffey (Idris Elba).



Sorkin, que evidentemente também assina o roteiro, entrega um enredo dinâmico e cheio de revelações, transportando o espectador para um universo no qual egos e emoções se misturam aos milhões de dólares que estão sendo ganhos ou perdidos. Um misto de sagacidade, blefes e jogos de poder, tudo em busca do topo. A trama empolga e te deixa interessado pelos desdobramentos que se seguirão, mesmo que você não esteja familiarizado com as regras do jogo. 

Foto: Diamond Films


Atrelado a atribulada vida da protagonista, também nos deparamos com os conflitos internos pelos quais ela passa, desde os desentendimentos com seu primeiro patrão até as brigas com o exigente psicólogo e pai, Larry (Kevin Costner). E ainda que essa proposta seja interessante, a forma como foi apresentada não foi muito satisfatória, sendo representada apenas cenas rápidas e diversas pontas. Os diálogos entre pai e filha soam rasos e artificiais, principalmente nas últimas cenas, prejudicando o fechamento da narrativa. Além disso, o terço final apresenta uma resolução rápida e fácil para os conflitos que Molly enfrentava, evidenciando que a produção, em um todo, não é tão bem resolvida.

Jessica Chastain (O Zoológico de Varsóvia) prova mais uma vez o seu talento e a ascensão meteórica de sua carreira. A atriz transmite empatia ao público, mesmo com uma personagem repleta de dualidades. Apesar da personalidade forte e de demonstrar empoderamento ao longo da história, ela é cercada de fraquezas e, em muitas ocasiões, acaba confrontada por homens, demonstrando força. Idris Elba (Depois Daquela Montanha), por sua vez, participação decisiva na narrativa, constantemente contestando Molly e revelando outras facetas da protagonista. Já Kevin Costner (Estrelas Além do Tempo) tem uma participação discreta, porém competente, ainda que suas linhas de roteiro não tenham sido as melhores.

No fim, ainda que possua altos e baixos, A Grande Jogada entrega uma história interessante, com uma personagem forte e disposta a tudo para vencer, sem dar o braço a torcer. Uma trama que lida com a realidade do "sonho americano" de enriquecer e prosperar numa terra de oportunidades. Não é o melhor trabalho de Aaron Sorkin, mas certamente foi um bom primeiro passo sentado na cadeira de diretor.

Bom

Foto: Diamond Films

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