CRÍTICA | Invocação do Mal 2

Direção: James Wan
Roteiro: James Wan, Chad Hayes, Carey W. Hayes e David Leslie Johnson-McGoldrick
Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Frances O'Connor, Simon McBurney, entre outros
Origem: EUA / Canadá
Ano: 2016



"O Poltergeist de Enfield" é um dos casos paranormais mais documentados até então. Em 1977, uma família de 5 pessoas - uma mãe, Peggy Hodgson e seus 4 filhos - passou a ser perturbada em sua residência durante as madrugadas. Vários acontecimentos estranhos foram relatados: ruídos esquisitos, oscilações elétricas, poças d'água que apareciam sem justificativa, até focos de incêndio surgiam sem aviso e, do mesmo modo, se extinguiam sem deixar marca alguma de queimaduras.

A mais afetada com os fenômenos foi Janet, uma das filhas, de apenas 11 anos. A garota se viu enforcada por uma cortina, presa dentro de um móvel, além de uma possível possessão. Diagnosticada como o epicentro de tudo o que ocorria de mal com família, a menina foi internada em um hospital por 6 semanas, o que amenizou as ocorrências na casa dos Hodgson. A mãe, Peggy, viveu até 2003 no local, ainda dizendo que ouvia barulhos durante a noite.

Contexto apresentado, vamos à premissa de Invocação do Mal 2 (The Conjuring 2). Estamos em 1978 e somos apresentados à Janet Hodgson (Madison Wolfe), que vive com seus irmãos e sua mãe Peggy (Frances O'Connor) em uma antiga casa, desde que o pai das crianças os deixou por outra mulher. Como a história real conta, aos poucos eventos estranhos passam a acontecer durante as madrugadas da residência dos Hodgson, e o casal Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) são convidados a estudar o caso.

Warner Bros Pictures

O roteiro apresenta muitas similaridades com o primeiro filme, apesar de, dessa vez, focar em apenas um caso sobrenatural, ainda que aborde superficialmente os famosos acontecimentos de Amityville. O grande acerto continua sendo a humanização dos personagens, fazendo com que o casal Warren se torne crível ao espectador comum, que consegue comprar o irracional graças a figura de ambos. E, nesse ponto, as atuações de Vera Farmiga (Amor Sem Escalas) e Patrick Wilson (Sobrenatural) seguem sendo acima da média para o gênero.

No que diz respeito ao núcleo dos Hodgson, o destaque é de Madison Wolfe (Joy: O Nome do Sucesso), que se mostra uma jovem atriz de grande potencial, especialmente quando a vemos passar pelo ritual de possessão.

Outro ponto a se destacar é a direção de James Wan (Aquaman), que, inventiva, aposta em planos-sequencia que nos fazem acompanhar personagens através dos cômodos, além de utilizar de panorâmicas que possibilitam o entendimento da geografia da residência. Há ainda planos filmados de cima que quebram a mesmice habitual apresentada por muitos filmes de terror, o que é sempre louvável.

O valor de produção é algo que sempre chama a atenção na franquia. A direção de arte é impecável no que diz respeito a construção da "casa assombrada". Aliada a fotografia, a produção transforma um ambiente grande e espaçoso em um cômodo claustrofóbico e inquietante a medida que os eventos se intensificam. Tal ideia é refletida não apenas nos cenários, mas também na construção dos figurinos dos personagens.

Warner Bros Pictures

Mas nem tudo são flores em Invocação do Mal 2. Infelizmente o roteiro se rende a algumas convenções como a de fazer humor para atenuar atenuar momentos mais tensos. Nem todas as piadas arrancam risos e algumas soam mal colocadas. Por outro lado, o texto é hábil em amarrar pontas estabelecidas no longa original, sendo eficiente na proposta de construção de universo e apresentando novos personagens a serem explorados.

Contando ainda com boas músicas em sua trilha sonora, entre elas uma bela interpretação de Patrick Wilson para "Can't Help Falling in Love", de Elvis Presley, Invocação do Mal 2 se mostra melhor que seu antecessor. Não é o mais aterrorizante filme de todos os tempos, mas entretêm na medida certa.

Ótimo

   

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