CRÍTICA | Quincy

Direção: Alan Hicks e Rashida Jones
Roteiro: Alan Hicks e Rashida Jones
Elenco: Quincy Jones, Rashida Jones, Tony Bennett, Beyoncé, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2018

“Não tem como viver sem água e música.”

Uma das características mais marcantes do gênero documental, além do papel informativo, é a análise proposta pelos temas, que pode abrir um leque de informações e contextos sociais importantes, que, quando bem feitos, marcam o espectador para o resto da vida, mesmo que de forma indireta. O que nos traz a Quincy, um documentário que chega com a proposta de contar a trajetória de vida de um dos maiores produtores e musicistas da história: Quincy Jones.

É interessante conhecer o homem por trás da personalidade. Particularmente, não tinha ideia do quão importante é Jones para a indústria musical. Tendo assistido a obra, posso afirmar que ele talvez seja a celebridade de todas as celebridades, não apenas devido ao seu talento, mas também a seu carisma e influência, adjetivos inerentes a Quincy.

Foto: Netflix

Dirigido por Alan Hicks (Keep on Keepin' On) e Rashida Jones (Parks and Recreation), uma das filhas do protagonista da obra, o documentário inicia com a rotina de trabalho de Jones no presente e como ele está inserido no mundo atual. O ciclo da vida proporciona cansaço e indisposição física em qualquer pessoa de idade, e para alguém que vive o seu trabalho 24 horas por dia, 7 dias por semana, não é uma tarefa fácil. E a opção por trazer a tona flashbacks da vida de Quincy, fazendo o espectador viajar entre o passado e o presente do artista, é um dos grandes trunfos da narrativa.

A vida de Quincy Jones não era fácil na infância. Em meados dos anos 30, vivia com a vó ex-escrava e sem a mãe, que havia sido internada por um hospital psiquiátrico. Ser gângster era o sonho dos meninos na época, e com ele não era diferente. Isso mudou com o seu primeiro contato com a música, quando tocou um piano e proferiu:

"É isso que eu quero pra minha vida."

Ali nascia um gênio musical. Em sua trajetória aprendeu a tocar instrumentos de sopro para uma banda, algo que lhe proporcionou viajar o mundo e ganhar reconhecimento. Depois se mudou para a França onde foi estudar sobre orquestras, despontando em definitivo. Para se ter ideia, Quincy Jones fez arranjos para dezenas de artistas da época, entre eles Ray Charles e Frank Sinatra. Mais a frente foi responsável por catapultar as carreiras de nomes como Oprah Winfrey, Will Smith, além do rei do pop, Michael Jackson.

Foto: Netflix

Evidentemente o documentário não explora exclusivamente a vida profissional de Quincy, mas também a pessoal, e o fato da obra ser dirigida e roteirizada por uma de suas filhas, traz um charme singular a tudo que é contado. Seu valor para a indústria musical é inestimável, mas talvez o mais importante seja a sua intenção de pregar o bem. Basta lembrar que Quincy Jones foi um dos responsáveis pela reunião dos artistas que deram voz a icônica canção “We Are the World”, que tinha como objetivo arrecadar fundos para o combate à fome África.

Assim é Quincy, um documentário para quem é fã de grandes histórias reais. Uma obra que, como todo bom exemplar do gênero, é carregada de contexto político, social, familiar e de amor a profissão e tudo naquilo em que você é bom e luta para melhorar a cada dia. 

Ótimo

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