Punho de Ferro | 1ª Temporada


As artes marciais sempre exerceram influência na cultura pop. Vários lutadores de renome fizeram história na telona e na telinha, entre eles Bruce Lee, Chuck Norris, Jackie Chan, e por aí vai. O auge ocorreu na década de 70 e, evidentemente, essa onda chegou ao mundo dos quadrinhos. Sua maior representação no formato é, sem dúvida, o Punho de Ferro.

Daniel "Danny" Rand, conhecido como O Imortal Punho de Ferro, foi criado por Roy Thomas e Gil Keane. Sua primeira aparição ocorreu na revista Marvel Premiere #15, em maio de 1974. O personagem, nascido em Nova York, herda de seu pai as histórias da mística cidade de K'un-L'un, que o patriarca visitara quando jovem. Após um acidente durante uma expedição para buscar novamente o local, Danny, aos nove anos de idade, acaba perdendo seus pais, sendo resgatado por arqueiros de  K'un-L'un.

Dez anos depois, após conviver e aprender com a cultura local, Danny tem a chance de alcançar o poder do Punho de Ferro, lutando e derrotando o dragão Shou-Lao, o Imortal, que guarda o coração fundido que foi arrancado de seu corpo. Sua empreitada é bem sucedida e, após isso, o herói resolve voltar para sua terra natal.

A série produzida pela Netflix em parceria com a Marvel segue a origem dos quadrinhos e tem seu ponto de partida justamente no momento em que o protagonista chega a Nova York.

Foto: Patrick Harbron / Netflix

A primeira temporada de Punho de Ferro inicia com Danny Rand (Finn Jones) entrando na antiga empresa de seu pai, a procura de Harold Meachum (David Wenham), o antigo parceiro de negócios da família. Lá ele reencontra Joy (Jessica Stroup) e Ward (Tom Pelphrey), filhos de Harold e seus amigos de infância. Ele então descobre que o homem está morto faz muito tempo e que sua presença soa indesejada, uma vez que ninguém acredita que se trata do verdadeiro Danny Rang ali presente, já que o mesmo foi dado como morto após o acidente fatal de seus pais.

Talvez um dos principais problemas desse ano de estreia seja o roteiro, que além de abordar a origem do herói, insere um número excessivo de subtramas como espionagem industrial, uma história de vingança, além de tentar costurar isso tudo como um gancho a ser explorado em Os Defensores.

Outro problema evidente é a falta de um vilão propriamente dito. Em determinados momentos tudo parece apontar para que o antagonista sejam Harold e Ward Meachum; em outros, entra Madame Gao, a líder do Tentáculo. Ainda assim, nos 3 episódios finais da temporada somos apresentador a um terceiro vilão. Essa pluralidade evidencia não apenas a falta de foco do roteiro, mas também um fraco desenvolvimento de todos os "vilões".

Se isso não bastasse, as cenas de ação deixam bastante a desejar. Na maior parte do tempo as coreografias não possuem impacto, e quando falamos de uma série em que a arte marcial é predominante, temos um grande problema.

Foto: Cara Howe / Netflix

As atuações também não empolgam. Finn Jones (Game of Thrones) não interage bem com quase ninguém. Seu Danny Rand é imaturo, indeciso e muito explosivo, mudando de ideia a todo o momento. Não há uma única sequencia marcante que o configure como o personagem titulo da série. Jessica Stroup (Jack Reacher: Sem Retorno) e Tom Pelphrey (Banshee), por sua vez, até possuem uma química boa como irmãos, no entanto, devido as diálogos pouco inspirados, esse entrosamento acaba diluído. Já David Wenham (O Senhor dos Anéis: As Duas Torres) só convence como antagonista na reta final da temporada, quando vemos a extensão de seus poderes. Fora isso, não tem nenhuma frase marcante ou grande momento a ser destacado.

Por outro lado, Rosario Dawson (Luke Cage) e Jessica Henwick (Game of Thrones) são o respiro que a série necessita. Rosario age como uma espécie de Nick Fury para unir o time de heróis que veríamos em Os Defensores, soando a vontade em sua personagem. Já Henwick apresenta um passado turbulento como Colleen Wing, o que por si só a coloca num patamar acima de Finn Jones. Suas cenas de luta são muito mais artísticas, desbancando o protagonista da série.

Punho de Ferro foi uma tentativa da Netflix em explorar o universo místico da Marvel, porém, falhou em não dar boas sequencias de ação ao seu protagonista. Mostra-lo como um personagem ainda imaturo, unindo-o a uma trama corporativa e com uma atuação do nível de uma novela mexicana, foi algo decepcionante. Se isso não bastasse, a série repete a já cansativa fórmula de 13 episódios por temporada, fazendo com que o ritmo de sua narrativa soe lento demais.

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