CRÍTICA | Compra-me um Revólver


Direção: Julio Hernández Cordón
Roteiro: Julio Hernández Cordón
Elenco: Ángel Rafael Yanez, Wallace Pereyda, Ángel Leonel Corral, entre outros
Origem: México / Colômbia
Ano: 2018


A barbárie contada sob o ponto de vista de uma criança. É o que acontece em Compra-me um Revólver (Cómprame un revolver), longa-metragem dirigido por Julio Hernández Cordón (Te Prometo Anarquia) e ambientado em México completamente devastado e dominado por famosos.

“México, data indefinida. Tudo, absolutamente tudo, é controlado pelos cartéis. A população diminuiu devido à falta de mulheres.”

O letreiro acima é apresentado logo na abertura da obra. E em meio a esse quadro caótico, a jovem Huck (Matilde Hernandez) veste a máscara do herói Hulk e tem usa uma corrente no tornozelo para passar despercebida. Ela quer ajudar o pai, um viciado em drogas e atormentado, a cuidar de um campo de beisebol abandonado, no qual os traficantes praticam o esporte. Um dia, o pai da garota é chamado para tocar em uma festa organizada por um traficante e ele não tem escolha senão levá-la junto. No dia seguinte, Huck acorda e se vê cercada pelo caos e pela morte e precisa lutar por sua liberdade e sobrevivência.

Foto: Pandora Filmes

A fotografia fria, árida, é um contraste perfeito aos elementos de cena. A protagonista, quase sempre filmada de costa, na busca por alternativas e uma maneira de se divertir com os amigos, atravessa um palco manchado de sangue e corpos espalhados. Imagens duras de se assistir, mas construídas de forma bela em imagem.

Se do ponto de vista técnico Compra-me um Revólver corresponde, o roteiro deixa a desejar. Há uma série de questionamentos que ficam sem respostas. Por que as mulheres da região deixaram de existir? Os amigos de Huck possuem família? Qual o objetivo do cartel? O pai de Huck não tem um plano de fuga? O que os personagens principais buscam? O longa parece querer retratar apenas o caos regional, entre um ou outro momento belo entre pai e filha, que consegue encontrar motivos para sorrir, mesmo inserida em um cenário desolador.

A narrativa acaba soando precipitada e sem um desfecho adequado. Faltou desenvolvimento de relações, personagens e da atmosfera criada propriamente dita. Apesar disso, Matilde Hernandez  (Tesoro) passa emoção ao espectador com sua protagonista, disposta a tudo para defender seu pai e encontrar uma forma de sair viva de um ambiente em que a morte a rodeia.

Foto: Pandora Filmes

Compra-me um Revólver acaba sendo um filme violento e que causa desconforto no espectador, mas que para por aí, sem apresentar elementos que justifiquem as características citadas, o que acaba soando como uma obra vazia de conteúdo.

Regular

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