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Postado por
Isabelle Carvalho
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Seria difícil que o final de Game of Thrones agradasse a todos os seus admiradores. No entanto, confesso que foi surpreendente a insatisfação da maioria com o desfecho. Há quem diga que houve uma crescente baixa da qualidade desde a sétima temporada, culminando na eclosão desta oitava e última. O sentimento quase unânime é de que a HBO e os produtores David Benioff e D.B. Weiss entregaram um resultado morno, aquém da grandiosidade da produção.
Com exceção do terceiro episódio, "The Long Night", que pecou pela fotografia excessivamente escura na batalha contra o Rei da Noite, a série foi bastante satisfatória na questão técnica. Design de produção, direção, locações, figurino, fotografia, como de costume são dignos de elogio. Todavia, o principal elemento deixou a desejar: o roteiro.
Desde a temporada passada percebemos que a trama foi acelerada ao máximo, passando a sensação de que os produtores queriam acabar logo com a produção. Para o grand finale tivemos uma história corrida e com pouco desenvolvimento. Profecias e personagens ignorados, grandes jornadas terminando com desfechos pouco satisfatórios, além da introdução de elementos pouco verossímeis, que parecem terem sido incluídos apenas para que o resultado final fosse o prometido pelo autor George R.R. Martin, não importando os meios para o fim.
Os protagonistas da série foram traídos por sua própria jornada, na medida em que seus desenvolvimentos ao longo de sete temporadas foram esquecidos em seus desfechos. Tudo em razão da já citada pressa de entregar um final que claramente merecia mais episódios.
Foto: HBO |
De volta a "The Long Night", o embate contra o Rei da Noite foi um desgosto. Resolvido em um único episódio e com uma conclusão que beira o Deux ex machina, pois ainda que a Arya (Maisie Williams) seja um dos destaques positivos desse encerramento, a personagem surgiu quase que como um milagre caindo dos céus para matar o vilão e salvar a todos. A tão falada "Longa Noite" durou um dia, e todo o enredo envolvendo os white walkers encerrado de forma superficial. A quantidade de teorias supondo o retorno do antagonista após o episódio apenas comprova que o que foi apresentado não foi suficiente.
No quarto episódio, "The Last of the Starks", uma novidade surgiu em cena para muitos: a possível loucura de Daenerys (Emilia Clarke). Uma virada importantíssima, jogada em tela na forma de diálogos expositivos, apelando para que os personagens dissessem ao espectador aquilo que as imagens infelizmente não conseguiram.
Daenerys foi construída como uma espécie de heroína. A série a quis assim. Apesar de ter assassinado os "homens maus" citados por Tyrion (Peter Dinklage) no sexto e último episódio, "The Iron Throne", a personagem o fazia para salvar os fracos e oprimidos. Esta foi a construção de sentido da Khaleesi. E de repente surge em tela a "rainha louca", capaz de queimar uma cidade repleta de inocentes para chegar ao trono. Não é condizente.
Menos ainda é sua morte, assassinada nos braços do amado. Uma imagem fotografada de forma bela, é verdade, mas ainda assim, estranha, previsível, após a loucura improvisada que tomou conta da protagonista. A cena com Drogon queimando o trono, símbolo da ambição que destruiu sua mãe, foi a mais sensata de toda a cena.
Menos ainda é sua morte, assassinada nos braços do amado. Uma imagem fotografada de forma bela, é verdade, mas ainda assim, estranha, previsível, após a loucura improvisada que tomou conta da protagonista. A cena com Drogon queimando o trono, símbolo da ambição que destruiu sua mãe, foi a mais sensata de toda a cena.
Foto: HBO |
John Snow (Kit Harington), por sua vez, pareceu perdido durante toda a temporada, ainda que seu final tenha sido lógico. Apesar do reinado ter sido destinado a ele, o mesmo não era destinado ao trono. Mas sim ao Norte, à muralha, aos selvagens. Arya também teve sua conclusão digna, já que não pertencia a nenhum lugar conhecido, a ninguém. Já Sansa (Sophie Turner) ocupou o lugar que merecia como Rainha do Norte, alto antecipado pelos espectadores, mas não menos satisfatório.
Cersei (Lena Headey) foi outra personagem injustiçada. A grande "vilã" da série, espetacularmente inteligente e estrategista, teve sua morte como uma afronta, chorando como a covarde que nunca foi, com o desabamento da Fortaleza Vermelha. Ao seu lado Jaime (Nikolaj Coster-Waldau), que rumou ao seu destino com a intenção de salvá-la, tendo todo seu arco de redenção destruído em dois episódios.
E o rei, afinal? Bran (Isaac Hempstead Wright) nomeado como protetor dos seis (!) reinos foi totalmente inesperado, ao menos pra mim, ainda que as teorias existissem. Mas novamente, a forma com que os eventos foram postos em tela me desagradou. A impressão que fica é a de que Bran sabia que todas aquelas tragédias aconteceriam e não fez nada para impedi-las, apenas para que o reinado fosse seu destino, algo que também não condiz com sua trajetória.
Ao final do último episódio, o gosto que fica é amargo. Uma percepção de algo bizarro e suspeito que nos foi empurrado. Game of Thrones merecia muito mais. Uma série grandiosa com um final decepcionante. Só nos resta esperar pelos livros (se é que um dia eles vão sair), torcendo para que o desenvolvimento dos personagens até seus desfechos sejam coerentes com suas jornadas.
Bom |
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