CRÍTICA | O Mundo Perdido: Jurassic Park

Direção: Steven Spielberg
Roteiro: David Koepp
Elenco: Jeff Goldblum, Julianne Moore, Peter Postlethwaite, Vince Vaughn, Peter Stormare, Vanessa Chester, entre outros
Origem: EUA
Ano: 1997


Um dos principais erros cometidos pelos grandes estúdios de Hollywood é não saber a hora de encerrar suas franquias. Artisticamente falando, após o imenso sucesso de Jurassic Park: Parque dos Dinossauros (1993), o melhor a ser feito seria parar por ali, pois dificilmente conseguiriam repetir a fórmula com uma sequência. Ainda assim, após sofrer grande pressão dos fãs e da Universal Pictures, Michael Crichton lançou a sequência da obra literária homônima. E apenas dois anos após isso, O Mundo Perdido: Jurassic Park (The Lost World: Jurassic Park) ganharia a grande tela.

O longa se passa quatro anos após os eventos da Ilha Nublar. John Hammond (Richard Attenborough) perdeu o poder sobre a InGen e seu sobrinho, Peter Ludlow (Arliss Howard), agora passa a controlar a empresa. Ele decide enviar uma expedição para Ilha Sorna, onde ainda vivem várias espécies de dinossauros, o local onde eram criados antes de serem enviados a Nublar. Sabendo dos planos do sobrinho, Hammond monta sua própria expedição, trazendo de volta Ian Malcom (Jeff Goldblum) com o intuito de registrar os seres e apresentar ao público antes do sobrinho. A ideia é convencer a audiência a preservarem os dinossauros onde estão.

Essa expedição também conta com Eddie (Richard Schiff), um especialista em equipamento de campo, Nick (Vince Vaughn), um fotógrafo e especialista em documentários sobre a vida animal, e a filha de Malcom, Kelly (Vanessa Chester) que se esconde dentro de um dos veículos para ir na expedição. Lá eles encontrarão a namorada do protagonista, Sara (Julianne Moore), que fora convidada anteriormente por Hammond para estudar os dinossauros em seu habitat natural, buscando apoio público e impedir interferência humana na ilha.

Foto: Universal Pictures

Ao chegarem na ilha, eles descobrem que Ludlow enviou um time para capturar os dinossauros, a fim de criar um parque na cidade de San Diego, na Califórnia. Os equipes acabam entrando em conflito, mas quando tudo dá errado, precisarão se unir para conseguirem sair vivos do local.

Como a minha longa sinopse deve ter entregado, a trama principal de O Mundo Perdido é bastante confusa, mostrando o quanto um roteiro escrito as pressas pode afetar o resultado final de um longa. É nítido o quanto o texto original se esforça para justificar tal sequência, algo que a adaptação de David Koepp (O Pagamento Final) não consegue resolver. Além disso, a escolha por uma história mais sombria destoa do tom original, que era marcado por seu bom humor e clima de aventura.

No longa original, antes dos dinossauros tomarem o parque, o roteiro fazia questionamentos complexos sobre a moral do criacionismo, os limites da científica, a arrogância mordaz empresarial, entre outros temas relevantes. Tudo isso através de personagens bem desenvolvidos, cada qual com sua jornada e características marcantes, amplificados por um elenco em pura sintonia. Exatamente tudo que parece faltar a essa sequência.

A sequência explora uma abordagem direta e convencional, com o homem interferindo arrogantemente na natureza que não o pertence, e que inevitavelmente revidará em algum momento. Apesar de clichê, se bem arquitetada, a proposta podia funcionar, mas nenhuma entrelinha parece bem desenvolvida. Tudo soa simplório e pouco inspirado, dando espaço a personagens desinteressantes e sequências de ação e suspense que tentam chegar aos pés do que já havia sido entregue em 1993.

De positivo, vale destacar a utilização de dinossauros criados por computador, mas sem deixar de utilizar os animatrônicos que fizeram tanto sucesso no longa anterior. Soma-se a isso a trilha sonora composta por John Williams (A Lista de Schindler), que cria algo totalmente novo para a produção, utilizando bem pouco dos temas originais e intensificando a aventura em detrimento do esplendor.

Foto: Universal Pictures

Infelizmente, não é só de ótimas influências e boas intenções que se faz um filme coeso. Mesmo conseguindo acertar em momentos pontuais, e o encanto de vislumbrar dinossauros em cena ainda estar presente, O Mundo Perdido: Jurassic Park não conta com a mesma magia ou coração de seu antecessor, mesmo tendo mantido o comando de Steven Spielberg (E.T.: O Extraterrestre). Acaba soando como uma continuação medíocre e trabalhada as pressas, provando que é preciso bem mais que boas cenas de ação para entregar um produto realmente marcante.

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