CRÍTICA | Antes Só do Que Mal Acompanhado

Direção: John Hughes
Roteiro: John Hughes
Elenco: Steve Martin, John Candy, Laila Robins, Kevin Bacon, entre outros
Origem: EUA
Ano: 1987


Como qualquer construção cultural, a comédia muda de forma com o passar dos anos. O que é piada hoje pode não ter sido no passado e nem o ser no futuro. O que era engraçado antes pode não ser atualmente. Podemos concordar que se trata de um gênero de difícil precisão no cinema. Ainda mais desafiador é não cair no âmbito da “mesmice” que muitos realizadores se encontram.

O incrível, no entanto, é quando um longa-metragem de mais de 30 anos atrás consegue se manter relevante e cômico, mesmo após tanto tempo. É o caso de Antes Só do Que Mal Acompanhado (Planes, Trains and Automobiles), dirigido por John Hughes (Curtindo a Vida Adoidado).

Steve Martin (O Pai da Noiva) vive o executivo Neal Page, que está em uma viagem a trabalho e precisa voltar para casa a tempo de passar o dia de Ação de Graças com sua esposa e filhos. No entanto, vários imprevistos acabam o atrasando em sua jornada e, para piorar, logo ele ganha a companhia inconveniente de um caixeiro viajante vivido por John Candy (Quem Vê Cara Não Vê Coração), Del Griffith. Os dois, então, totalmente diferentes entre si, embarcam nessa viagem conjunta, cheia de incidentes cujo resultado é uma comédia divertidíssima.

Foto: Paramount Pictures

O road movie apoia-se, continuamente, na relação entre os dois personagens e como estes lidam com os empecilhos no caminho. Martin incorpora o contrário de seus papeis usuais. É aqui um homem mais sério e até um pouco antipático, concentrando grande parte do humor em Candy. É justamente essa dinâmica inteligente entre os dois indivíduos tão diferentes entre si  -  e o que um tem a aprender com o outro  - que dá o tom certo ao filme.

É interessante e válido destacar a importância da edição e mixagem de som da obra, bem como da trilha sonora, que pode ser entendida como uma interpretação da evolução do relacionamento entre os dois homens. Além disso, elogios merecidos a John Hughes por sua incrível capacidade em conceber sequências que partem de uma lógica realista e verosímil para logo se transformam em algo totalmente absurdo e nonsense.

No mais, Antes Só do Que Mal Acompanhado ainda é um filme sentimental, uma vez que o arco dramáticos dos protagonistas consegue estabelecer uma certa melancolia em seu desfecho. Ambos encontram, um no outro, algo que precisam empregar em suas vidas. O desfecho pode até soar clichê para alguns, mas, com toda certeza, é aquele tipo de convenção que nunca sai de moda.

O tipo de produção que dá saudade de comédia mais simples, ingênuas e que nunca deixam de agradar.

Foto: Paramount Pictures


Ótimo


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