CRÍTICA | Uma Noite de Crime: Anarquia

Direção: James DeMonaco
Roteiro: James DeMonaco
Elenco:  Frank Grillo, Carmen Ejogo, Zach Gilford, Michael Kenneth Williams, entre outros
Origem: EUA / França
Ano: 2014


Todos nós já sofremos ou ainda sofreremos com a criminalidade em algum nível de nossas vidas, seja de forma direta ou indireta. Podemos ser vítimas na grande maioria das vezes, testemunhas em outras. Em uma sociedade em constante transformação, o que não faltam são exemplos com os números aumentando a cada ano. Porém, vamos imaginar que, por uma noite, todos os crimes que você ou outras pessoas cometerem estarão livres de punição. Esse é o mote da franquia Uma Noite de Crime (The Purge).

Estamos em 2023, um ano depois dos eventos ocorridos no primeiro filme. Falta poucas horas para o começo de mais um Expurgo. Eva (Carmen Ejogo), uma funcionária de um café local, está em casa com o pai e a filha. Enquanto isso, um homem chamado Leo (Frank Grillo) está se armando até os dentes para se vingar. Do outro lado da cidade, o casal Shane (Zach Gilford) e Liz (Kiele Sanchez) está indo para a casa, mas entram na mira de um grupo que é a favor do Expurgo.

Diferente do longa anterior, aqui acompanhamos três histórias diferentes que eventualmente se cruzarão. Deixamos o ambiente confinado de uma casa para adentrar as ruas de uma grande metrópole. Se antes o clima era de apreensão e invasão, aqui o ritmo é de ação desenfreada. Um misto de filme de guerra com suspense.

Foto: Universal Pictures

As cenas de ação, em grande parte, se resumem a tiroteios, mas os conflitos corporais são bem executados. com coreografias plásticas e planos que facilitam o entendimento da geografia da cena pelo espectador. Mérito da direção de James DeMonaco (Staten Island), que utilizando de muita câmera na mão e ângulos de câmera diferenciados, traz impacto esperado por cada cena, aumentando a ansiedade de quem assiste.

O roteiro, também de DeMonaco, sabe explorar o artificio de três pontos distintos se convergendo para um único proposito. No entanto, o subtexto de que o governo participa ativamente do Expurgo, de forma a fazer com que não acreditemos no que se diz respeito, legitimando o processo que "purificou" a nação norte-americana, poderia ser melhor desenvolvido. Tudo soa muito superficial.

No que diz respeito a aspectos técnicos, a escolha pela ausência de trilha sonora nos momentos de impacto soa acertada. Quem dita a tensão são os tiros sendo disparados a todo momento. Por outro lado, não podemos dizer o mesmo dos efeitos digitais, que soam falsos e sem peso, especialmente a aplicação de sangue digital.

Carmen Ejogo (Selma: Uma Luta Pela Igualdade) vive a mãe super protetora que por boa parte da trama soa inofensiva, mas que quando o grupo está ameaçado não hesita em sacar uma arma. Zach Gilford (Friday Night Lights) e Kiele Sanchez (LOST) não soam tão convincentes como casal, mas nada que prejudique a narrativa. Quem se destaca realmente é Frank Grillo (Capitão América: Guerra Civil), vivendo uma espécie de Justiceiro, digno do personagem interpretado atualmente por Jon Bernthal.

Foto: Universal Pictures

Uma Noite de Crime: Anarquia é o segundo capítulo de uma franquia que conseguiu transitar entre o terror e a ação desenfreada, transformando-se mais em um filme de guerra civil com pitadas de suspense. Não há grande desenvolvimento narrativo ou de seus personagens, que apresentam pouquíssimos conflitos internos. O tipo de filme que vemos uma única vez e já está de ótimo tamanho.

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