CRÍTICA | De Repente uma Família


Direção: Sean Anders
Roteiro: Sean Anders e John Morris
Elenco: Mark Wahlberg, Rosy Byrne, Isabela Moner, Octavia Spencer, Gustavo Quiroz, Julianna Gamiz, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2018


Um processo de adoção não costuma ser algo simples. É cheio de embaraços e envolto de diversas burocracias. Imagine então quando um casal se sente preparado para tal função, mas se percebe inapto para a tarefa, ainda mais quando se tratam de três adoções de uma única vez. Basicamente essa é a premissa de De Repente uma Família (Instant Family), filme baseado em uma história real vivenciada pelo diretor Sean Anders (Pai em Dose Dupla 2) e estrelado por Mark Wahlberg (Todo o Dinheiro do Mundo) e Rose Byrne (Juliet, Nua e Crua). Uma divertida comédia com bons momentos dramáticos que poderão te comover.

O casal Ellie (Byrne) e Pete Wagner (Wahlberg) vive uma intensa e monótona rotina de compra, venda e reforma de casas, sem nunca possuir tempo para eles mesmos. Com dificuldades para terem filhos biológicos, eles resolvem ir a uma grande feira de adoção de crianças e adolescentes em um local que proporciona encontros entre adultos e jovens sem lar. Logo se impressionam com Lizzie (Isabela Moner), uma adolescente de 15 anos com temperamento forte e que passou por muitas dificuldades na infância. O casal resolve adotá-la, mas, para não separar a família, terão adotar junto seus irmãos mais novo, Lita (Julianna Gamiz) e Juan (Gustavo Quiroz).

A princípio o roteiro não deixa claro as reais intenções de Ellie e Pete, pois não sabemos se eles querem adotar as crianças para darem condições melhores de vida aos mesmos, ou se simplesmente querem se sentir bem, deixando o desejo de serem pai e mãe falar mais alto. Com o passar dos atos isso fica mais claro, possibilitando interessantes transformações dos personagens centrais. As crianças, por sua vez, com seus diversificados comportamentos, ajudam no processo de amadurecimento do casal e mostram como constituir família não é uma tarefa simples, pois requer paciência, amor e também criatividade para resolver adversidades.

Foto: Paramount Pictures

O grande mérito de De Repente uma Família está em saber mesclar os momentos cômicos com outros mais sérios. As situações engraçadas protagonizadas pelas crianças menores são hilárias, já Lizzie se mostra como a adolescente rebelde que desafia tudo e todos, mas que também tem fragilidades no que tange à lembrança de seu passado, com a mãe envolvida no mundo das drogas e presa. A tentativa de conexão do casal com a garota é o que move boa parte da trama, afinal, é como se existisse um grande muro entre eles, e derrubá-lo exige não só um grande jogo de cintura, mas sutileza, inteligência e muita delicadeza no trato com a adolescente.

O elenco é competente em transmitir emoção, veracidade e comicidade. Wahlberg e Byrne estão bem em tela, mas é Isabela Moner (Transformers: O Último Cavaleiro) quem se destaca, em um papel delicado de uma personagem que precisa se encontrar em meio a um amadurecimento de alguém ainda em formação. A atriz jovem atriz desenvolve suas ações com naturalidade, apoiada por um elenco que lhe dá tranquilidade para as cenas mais densas. Vale ainda a menção honrosa para Octavia Spencer (A Forma da Água), que faz aparições pontuais, mas repletas de carisma e graça, como é habitual em seus trabalhos.

Um longa-metragem para todas as faixas etárias, assim poderia definir De Repente uma Família, aquele tipo de obra gostosa de se acompanhar e que traz esperanças a todos que clamam por amor e empatia, sentimentos que andam em falta ultimamente.

Foto: Paramount Pictures


Ótimo

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