CRÍTICA | Zumbilândia: Atire Duas Vezes

Direção: Ruben Fleischer
Roteiro: Dave Callaham, Rhett Reese e Paul Wernick
Elenco: Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Emma Stone, Abigail Breslin, Zoey Deutch, Rosario Dawson, Luke Wilson, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2019


O mercado de “filmes de zumbi” estava aquecido quando o primeiro Zumbilândia (2009) surgiu. Obras como Extermínio (2002), Madrugada dos Mortos (2004), [REC] (2007) e The Walking Dead (2010) - nos quadrinhos e na televisão - reacenderam a paixão do público pelo gênero. O longa de Ruben Fleischer (Venom) chegava trazendo uma proposta diferente, misturando a busca pela sobrevivência e a caça aos mortos-vivos com humor e diversão. Não que fosse algo totalmente original, já que Todo Mundo Quase Morto (2004) havia sido lançado anos antes, mas com certeza bem-sucedido.

Zumbilândia: Atire Duas Vezes (Zombieland: Double Tap) chega aos cinemas em outro contexto, com o gênero já saturado de tantos lançamentos em múltiplas plataformas, mas sabe se aproveitar disso, trazendo um frescor descompromissado muito bem-vindo e que corresponde as expectativas daqueles que amaram o filme anterior.

Columbus (Jesse Eisenberg), Tallahassee (Woody Harrelson), Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin) seguem vivendo juntos como uma família em meio ao apocalipse zumbi. Em sua nova residência, a Casa Branca, a rotina acaba os incomodando, fazendo com que as duas garotas deixem o grupo durante a madrugada, cada uma com seu motivo. Quando Little Rock deixa Wichita para fugir com um jovem músico, os outros três partem em uma jornada para encontra-la novamente.

Foto: Sony Pictures

O grande trunfo da obra continua sendo a dinâmica entre os protagonistas, já que Jesse Eisenberg (Truque de Mestre) e Woody Harrelson (Três Anúncios Para um Crime) seguem divertidíssimos em seus papéis, cada um à sua maneira. O lado negativo é o subaproveitamento de Emma Stone (La La Land: Cantando Estações) e Abigail Breslin (Pequena Miss Sunshine). A primeira surpreendentemente subestimada pelo roteiro, mesmo recentemente “oscarizada”; a segunda por limitações artísticas, já que Breslin em nada lembra a talentosa atriz mirim que já foi um dia.

Ao mesmo tempo em que aposta no garantido, Atire Duas Vezes (título que faz referência a uma das famigeradas regras de Columbus, o "double tap") também abre portas para novos personagens, como Nevada (Rosario Dawson), uma mulher durona que vive na terra de Elvis Presley; e Berkeley (Avan Jogia), o músico pacifista que rouba a atenção de Little Rock. Mas quem ganha a cena é Madison (Zoey Deutch), uma espécie de patricinha fútil que “se apaixona” por Columbus e é responsável por algumas das melhores piadas do filme.

O longa ainda reserva algumas participações especiais bem bacanas reveladas pelos trailer, como as de Luke Wilson (Os Excêntricos Tenenbaums) e Thomas Middleditch (Godzilla II: Rei dos Monstros), mas também algumas surpresas ao espectador, especialmente em suas cenas pós-créditos. São duas cenas na verdade: uma durante os créditos (não perca por nada) e outra ao fim dos créditos (dispensável, mas divertida).

O roteiro escrito a seis mãos por Dave Callaham (Os Mercenários), Rhett Reese (Deadpool) e Paul Wernick (Vida) acerta ao não se levar a sério em momento algum, nem mesmo nos momentos em que teoricamente poderia desenvolver algum drama de personagem. O trio domina a temática da franquia em cheio, fazendo piadas até com situações do nosso cotidiano, mas que os sobreviventes daquele mundo nunca tiveram a oportunidade de experimentar, como a piada com o Uber (uma das melhores), ou mesmo o momento em que vemos Columbus lendo um quadrinho de The Walking Dead.

Foto: Sony Pictures

Mantendo a linguagem visual do original (com as regras de Columbus aparecendo em meio aos cenários a todo tempo) e com efeitos digitais limitados (o que de certa forma combina com o filme), Zumbilândia: Atire Duas Vezes talvez peque apenas ao se estender um pouco além do que deveria. Tivesse 20 minutos a menos como seu predecessor e talvez não sobrasse nenhum porém a destacar. Ainda assim é ótimo diversão e entretenimento, como se propõe a ser.

Zumbilândia atirou duas vezes e acertou o alvo em ambas.

Ótimo

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